Viva Rio coleta 75 bolsas de sangue em cinco horas

A campanha realizada pelo Voluntariado do Viva Rio em parceira com o Hemorio foi um sucesso. Foram coletadas 75 bolsas de sangue em apenas cinco horas no no hemocentro montado nesta terça-feira (14/7), no Salão Pablo e Ana, na sede da organização. A médica Luciana de Lima, responsável pela coleta, explicou que cada bolsa comporta 450 ml de sangue total (composto por hemácias, placas e plaquetas – os hemocomponentes) e, segundo Luciana, pode ajudar até três pessoas.

Luciana de Lima, médica responsável pela coleta de sangue | Foto: Tamiris Barcellos

“Está faltando sangue em nossos hemocentros. O Rio de Janeiro não é o último da lista, mas está longe de ser um exemplo de doador consciente”, informou ela. Enquanto paulistas e mineiros são os doadores campeões, os cariocas deixam a desejar.

Segundo dados do Hemorio, a taxa acumulada nos últimos quatro anos é de 30% de perda nos bancos públicos e privados. Com o aumento da expectativa de vida, houve um crescimento na população de idosos, e a demanda por sangue não condiz com a oferta.

A baixa no estoque preocupa ainda mais em períodos como as férias escolares, as festas de fim de ano, Carnaval e estações frias e chuvosas. É a chamada redução sazonal. No inverno, a queda pode chegar a 40%. Mitos infundados como “o sangue vai engrossar” ou “vou ficar doente” são usados como fugas.

Desejo de ajudar

Um dos colaboradores que deixaram seus postos de trabalho hoje voluntariamente para participar foi a analista de RH Muriel Lima, 23 anos, que há quatro conseguiu fazer sua primeira doação. Enquanto muitos buscam desculpas para não doar, Muriel desafiou a balança. “Eu sempre quis, mas não conseguia passar dos 49 quilos. Um dia, um amigo estava internado e precisava de transfusão. Passei a noite comendo e bebendo água para chegar aos 50 (peso mínimo exigido) e deu certo”, conta ela, que agora planeja se cadastrar para doar a medula óssea.

A analista de RH, Muriel Lima, redobrou os esforços para tornar-se doadora | Foto: Tamiris Barcellos

“Isso é que é querer ajudar”, comenta a coordenadora do programa de Voluntariado, Cibele Dias, ao saber do esforço de Muriel. Para ela, o maior desafio é fazer com que as pessoas exercitem a solidariedade para ajudar desconhecidos, apenas para fazer o bem. Por ter ido à Amazônia e ao Haiti, ela conta que não pode doar já que os dois lugares são considerados áreas endêmicas, o que se torna impedimento por um período de um ano.

A médica do Hemorio lamenta que nos últimos anos as doações no Rio de Janeiro reduziram muito e atribui a queda à falta de informação e aos mitos que envolvem a ação. “As crianças não têm o exemplo em casa e nas escolas. Se educarmos hoje, teremos uma população doadora e solidária”, diz ela.

Cibele Dias, coordenadora de Voluntariado, planeja ação para sensibilizar jovens doadores | Foto: Tamiris Barcellos

O Hemorio e o Viva Rio estão empenhados na missão de conscientizar os jovens. Cibele conta que há projetos em andamento com este público, enquanto Luciana enumera duas iniciativas do Hemorio que têm como objetivo a formação de pessoas comprometidas, futuro. A primeira, Jovem Salva Vidas, acontece em escolas do Ensino Médio a partir de 16 anos. Já o Clube 25 propõe ao “sócio” chegar aos 25 anos tendo feito 25 doações. “O bom resultado daqui a alguns anos será enorme”, acredita.

“Estou feliz!”, comemorou a enfermeira Sabrina Guimarães Almeida, 35 anos. Depois de duas insistências, ela conseguiu que seu sangue do tipo O Negativo fosse coletado. “Como sou doadora universal, pessoas de todos os tipos podem ser beneficiados com meu sangue “raro’”.

Sabrina tem tipo sanguíneo O negativo, considerado raro | Foto: Tamiris Barcellos

 

Dupla segurança
“Já acabou?”, pergunta o agente comunitário de saúde, Leandro Ferreira, 34 anos. Pelo menos duas vezes ao ano, ele faz valer sua carteirinha de “doador de repetição”, como é conhecida a pessoa que doa sangue pelo menos duas vezes ao ano. Ele conta que começou a aderir há mais de uma década quando um conhecido precisou, e não parou mais.

Isto não significa que a pessoa que doou uma vez torna-se obrigada a repetir a cada campanha. “É um ato voluntário que não cria vínculo algum”, esclarece Luciana de Lima. Outra informação importante é que não existe nenhum risco nem para o doador nem para o receptor. Há vários critérios na legislação própria (Portaria 2712/2013 e a RDC 34/2014) que garantem a dupla segurança. “O doador entra saudável e sai saudável. Em 24 horas, a recuperação dos hemocomponentes já está completa”.

 

Confira as fotos aqui.

Acompanhe a campanha #SalvandoVidasGotaaGota

 

(Texto: Sol Mendonça | Fotos: Tamiris Barcellos)

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