Viva Rio participa de encontro Brasil-Noruega em SP

Pouca gente sabe, mas os estudantes da Noruega financiam diretamente seis projetos sociais voltados às questões da juventude e do direito à cidade no Brasil. Coordenado pela Igreja da Noruega (AIN), o programa começou em 2011 e se estende até 2015. Na semana passada, as organizações nacionais envolvidas, entre as quais o Viva Rio, reuniram-se com avaliadores da iniciativa europeia em São Paulo para a discussão de metas, ações transversais e estratégias de participação em políticas públicas.

A campanha norueguesa Operasjon Dagsverk (OD) nasceu em 1964, em pleno movimento estudantil. Neste ano, jovens engajados na luta pela solidariedade estudantil julgaram injusto lutar pelos seus direitos enquanto outros adolescentes sequer dispunham de uma escolaridade de qualidade em seus países. Assim criaram a OD, sigla que determina o dia do trabalho voluntário para jovens estudantes.

Desde então, todo ano, em meados de outubro, os estudantes noruegueses se dedicam a um dia de trabalho voluntário, cuja remuneração é doada à campanha. Hoje, 120 000 jovens participam desta ação e financiam programas de 3 a 5 anos em mais de 60 países.

No Brasil, a campanha da OD financia o “Programa Juventudes e Direitos nas Cidades”, encabeçado pelas organizações Fase, Ibase, Diaconia, Koinonia, Ação Educativa e Viva Rio. O encontro de todas as envolvidas aconteceu de 16 a 18 de outubro, na sede da Ação Educativa em São Paulo, com 42 representantes dos projetos.

A equipe do Viva Rio foi representada por jovens integrantes do projeto Viva Favela: o aprendiz de fotografia Amaury Lima Jr, a fotógrafa Tamiris Barcellos e o editor de vídeo Lucas de Almeida. Os três estudantes exibiram seus trabalhos pessoais assim como fotos e vídeos produzidos no quadro do projeto, e responderam às perguntas da plateia no final da apresentação.

Viva Favela: regenerando a imagem das periferias e favelas cariocas

O Viva Favela é um portal de notícias pioneiro na publicação de conteúdo temático sobre favelas e periferias urbanas. Suas reportagens (em texto, foto ou vídeo) são realizadas por correspondentes cidadãos, moradores destes territórios. O projeto visa fomentar a produção de novas imagens e narrativas sobre essas áreas da cidade, tradicionalmente marginalizadas, com a visão “de dentro” de seus habitantes. Para Tamiris, que integrou a equipe da redação há um ano, como estagiária no início e hoje como profissional, foi a freqüentação de favelas durante a infância que despertou seu interesse pelo tema: “o interesse pela fotografia veio pelo meu pai, que é cinegrafista, mas eu gosto de fotografar em favelas e, através uma foto, contar a história, transmitir a vivência daquela pessoa”. No projeto, a fotógrafa teve a ocasião de publicar dois ensaios fotográficos, o primeiro sobre o jongo da Serrinha, o segundo sobre arte de rua.

Outro que integrou o projeto pela fotografia foi o aprendiz Amaury, que se apresentou à redação do Viva Favela com um pen drive no bolso contendo uma seleção de fotos de sua autoria, realizadas no Santa Marta. O adolescente já tem também dois curta-metragens no currículo e pretende, através do aprendizado, ampliar seus conhecimentos em vídeo e fotografia. Já Lucas, estudante em publicidade, descobriu a edição de vídeo durante seu estágio na redação. Hoje, ele dá suporte aos correspondentes comunitários na edição de suas vídeoreportagens, e realiza os teasers da revista multimídia bimensal do Viva Favela.

Os jovens também apresentaram o Programa de Formação de Correspondente Comunitário Multimídia (PFCCM), que acontece em várias comunidades cariocas. As oficinas têm como objetivo capacitar jovens com potencial para tornarem-se lideranças e multiplicar o conhecimento adquirido no projeto junto à sua comunidade, outros grupos de interesse e mídias colaborativas. Desde o começo do ano, o programa já capacitou 70 alunos a se tornarem produtores de conteúdo noticioso sobre seus territórios, através noções básicas de jornalismo, diretos humanos e comunicação multimídia. Tamiris, apesar da pouca idade, já auxilia nas aulas de fotografia: “é a oportunidade de passar um pouco do meu olhar fotográfico e da minha experiência aos alunos” relata.

Ao final das discussões do Programa, os atores presentes definiram ações comuns no mapeamento dos anseios da juventude, assim como intercâmbios e trocas de experiências entre os projetos – os jovens do Viva Favela tendo a função da expertise audiovisual.

 

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