Começam negociações por um tratado global de armas

Militantes da Control Arms fazem manifestação em frente à sede da ONU, em Nova York, no primeiro dia de conferência

Começou na terça-feira (3), na sede das Nações Unidas, em Nova York, a negociação para criação do Tratado Global sobre o Comércio de Armas (ATT, na sigla em inglês), que busca estabelecer regras para as transferências internacionais de armas.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, abriu a sessão plenária da conferência diplomática afirmando que que é uma “desgraça” que ainda não exista um acordo que regule as transferências de todas as armas convencionais. “O mundo está armado demais e que o preço pago pela população pela falta de controle sobre as armas convencionais pode ser visto diariamente”, afirmou.

Representantes da coalizão Control Arms entregaram ao secretário a Petição Global, as declarações Interreligiosa e Parlamentar, e o Alerta Médico com assinaturas de mais de 620 mil pessoas de todo o mundo pedindo a criação de um ATT forte e robusto. Estavam presentes na cerimônia de entrega o bispo Elias Taban, presidente da aliança Evangélica do Sudão; o maratonista Julius Arile, ex-criança soldado do Quênia; a diretora do Centro de Edução para a Paz, Jasmin Nario-Galace; Ross Robertson, presidente da organização Parliamentares pela Ação Global; e Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional.

Ban Ki-moon disse que a atuação da sociedade civil foi determinante para que se chegasse tão longe e pediu que as delegações dos Estados-membros trabalhem na direção de criar um tratado legalmente vinculante que impeça que as armas alimentem conflitos armados, o crime, atos de terror, repressão política e violações dos direitos humanos.

Representantes da Coalizão Control Arms entregaram a Ban Ki-moon petição com mais de 600 mil assinaturas

A Coalizão Global Control Arms é formada pela Anistia Internacional, Oxfam e organizações civis de mais de 125 países. O ATT pretende evitar a venda irresponsável de armas e munições – quando há risco de que essas armas sejam usadas em violações dos direitos humanos.

Hoje, o comércio internacional de armas, munições e outros equipamentos bélicos não é regulamentado, causando a morte de milhares de pessoas no mundo todo, numa proporção de uma pessoa por minuto. No Brasil, as armas de fogo são responsáveis pela morte de quase 35 mil pessoas por ano – quase 100 por dia.

A proposta que está em negociação – e que deve ser fechada até o dia 27 – inclui todo tipo de armamento, desde armas leves e munições, até veículos de guerra e componentes. O texto engloba todas as transferências e transações e propõe a inclusão de parâmetros para que o tratado seja plenamente implementado e ainda prevê o acompanhamento e a cooperação internacionais, o cumprimento e a responsabilização dos Estados.

O ATT vem sendo discutido desde 2006 e a falta de um acordo global legalmente vinculante tem como consequência tragédias como a da Síria, onde os combates entre rebeldes e o governo sírio – que importa armas da Rússia – já causou a morte de quase 14 mil pessoas.

Parlamentares e líderes religiosos de todo o mundo manifestaram apoio ao Tratado Global sobre o Comércio de Armas e quase 600 mil pessoas já assinaram a petição por um ATT forte e robusto.

Foto da capa: Shelley de Botton

Foto manifestação: Control Arms / Andrew Kelly

Foto entrega petição: UN Photo / Eskinder Debebe

Assista à cerimônia de entrega da Petição Global por um Tratado Global sobre o Comércio de Armas

Assine a petição, ainda dá tempo! Ajude a Control Arms a atingir um milhão de assinaturas.

Declaração Parlamentar Global

Declaração Interreligiosa

Site do ATT

Site da ONU sobre o ATT

Blog do ATT Monitor

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