Brasil não lidera consumo de cocaína

 

Distorções feitas por uma agência de notícias brasileira a respeito do Informe Mundial sobre as Drogas 2015, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNOCD),  transformaram o Brasil em um país que consome quatro vezes mais cocaína que a média mundial.

A ‘contabilidade mágica’ deu-se na inadequada comparação entre a estabilização do uso no mundo (0,4%) com pesquisas realizadas entre universitários brasileiros (1,75%). É lógico que o consumo deste seleto grupo não pode ser comparado ao da população brasileira como um todo – por falta de dados mais abrangentes e recentes sobre o país -, o que gerou o erro. A UNOCD em Brasília ainda avalia a possibilidade de divulgar um desmentido sobre a informação.

Quando entra no tema específico da cocaína, o relatório observa que se houve uma estabilização do consumo mundial, as apreensões da droga cresceram na América do Sul, e o consumo subiu de 0,7% em 2010 (1.84 milhões de usuários) para 1,2% em 2012 (3,34 milhões de usuários), quase o triplo do percentual anterior, que teria permanecido no mesmo nível em 2013.

Este aumento foi incentivado, sobretudo, pelo Brasil, considerado pelo informe o maior mercado de cocaína da América do Sul. O status foi atingido em função da posição geopolítica do país, que se tornou estratégico na rota do tráfico e chegou a comercializar 40 toneladas da droga em 2013.

A rota

Ainda segundo o relatório, a cocaína entra no Brasil pelo ar (pequenas aeronaves), por terra (carro, caminhão, ônibus) e rios (barcos através do Amazonas e de seus afluentes). Trinta por cento da cocaína que chega ao país segue para o exterior, principalmente para a Europa ou direto para a África, em contêineres em navios ou em aviões.

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O mapa do relatório da ONU indica as rotas do tráfico que partem do Brasil

As apreensões de cocaína registraram queda na Bolívia, no Peru e na Venezuela. Em relação ao total de consumidores de todas as drogas ilícitas no planeta em 2013, a pesquisa estimou um total de 246 milhões, ou uma em cada 20 pessoas com idades entre 15 e 64 anos. Embora o volume represente um aumento de três milhões de usuários em relação a 2012, a realidade deste consumo se manteve estável se for levado em conta o crescimento mundial da população mundial.

(Texto: Celina Côrtes|Imagem: Luana Assis)

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