A força feminina do Viva Rio

12/12/2017

A força de trabalho do Viva Rio é feminina, com 69,03% de mulheres e 30,97% de homens entre os quase 10 mil colaboradores que temos hoje. O Viva Rio sempre teve mulheres em cargos de liderança, mas isso se acentuou em 2007 com a nossa entrada na área de Saúde. Hoje 58% dos nossos cargos de gerência são ocupados por mulheres, que correspondem também a 57% dos médicos, 82% dos enfermeiros, 78% dos dentistas e 85% dos agentes comunitários de saúde.

Daiana Albino

Daiana Albino, assessora técnica do Viva Rio e enfermeira, diz que essa prevalência das mulheres entre os colaboradores é o reflexo da presença feminina nas profissões da saúde, área que hoje contrata mais funcionários na organização.

“O cuidado na questão da saúde é historicamente relacionado ao feminino, à mulher, à mãe. Faz parte da noção de gênero que a nossa sociedade construiu ao longo do tempo. Era a mãe que cuidava dos filhos, de parentes doentes, e isso se estendia a profissões que cuidam da vida. Na educação também eram as mulheres que ficavam responsáveis por ensinar os filhos e crianças da comunidade. Então as duas áreas ainda refletem muito essa construção social que associa o feminino ao cuidado, e muitas mulheres respondem a isso”, diz Daiana.

Cici Dutra, gerente de projetos no Viva Rio e psicóloga com experiência de 33 anos em saúde pública, também ressalta a ligação entre o trabalho na saúde e as mulheres. “As mulheres são vasta maioria em trabalhos na área de saúde, mas ainda não nos cargos de poder. Apesar dessa enorme presença feminina na área, não temos secretária de Estado ou ministra da Saúde. A saúde é feminina mas ainda não na gerência. Nós não queremos ajuda, queremos partilhar”, provoca.

“Acho que o Viva Rio é exceção porque temos mulheres em cargos estratégicos de gestão, não só na base. Acredito que pelos próprios valores da empresa, de ouvir a sociedade e ser receptivo”, completa Daiana.

Sobrecarga

Cici Dutra

Uma pesquisa divulgada pelo IBGE mostra que mulheres passam o dobro do tempo dos homens com tarefas domésticas no Brasil. Essa questão é especialmente complicada para as mulheres que trabalham na área de Saúde, que envolve plantões noturnos, trabalho no fim de semana e horários instáveis. Cici lembra que profissionais de saúde ainda fazem jornada dupla, trabalhando em dois turnos para complementar a renda.

“Geralmente diaristas como enfermeiros e técnicos de enfermagem, que trabalham de 8h às 17h, dão plantão noturno em outro lugar, às vezes trabalhando mais de 70 horas direto em dois empregos. E para as mulheres essa jornada de trabalho triplica quando elas chegam em casa e ainda têm que gerir a família”, diz Cici.

Daiana participa de grupos de psicoterapia social que realizam encontros com os funcionários das unidades de saúde geridas pelo Viva Rio para ouvir seus problemas e transmitir conforto e acolhimento. Ela vê que as mulheres que trabalham nessas UPAs e Clínicas da Família, a maioria em locais pobres e violentos da cidade, acumulam o trabalho fora e o que fazem em casa.

“A mulher, além do trabalho formal que ajuda a sustentar a casa, também assume o cuidado doméstico e dos filhos. Muitas vezes observo casos de sobrecarga emocional de mulheres por isso, porque quando chegam em casa ainda tem outra relação de cuidado. Muitas delas não tem um companheiro com quem contar, são chefes de família e gerenciam a casa sozinha”, diz Daiana.

O Viva Rio tem orgulho de ser majoritariamente feminino, agradece a competência, o esforço e a coragem de nossas colaboradoras e defende que cada vez mais posições de liderança sejam ocupadas por mulheres.

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