Viva Rio inicia campanha pelo controle de armas de fogo

Evento reuniu centenas de pessoas no Aterro do Flamengo

Evento reuniu várias tradições religiosas. Na imagem, orquestra da Assembleia de Deus do Fonseca

 

Representantes de várias tradições religiosas estiveram domingo (21 de maio), no Aterro do Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro, em campanha pelo controle de armas de fogo no país. O evento “A Força da Fé no Controle das Armas de Fogo”, promovido pelo Viva Rio e várias instituições da sociedade civil, aproximou evangélicos, católicos, candomblecistas, umbandistas, espíritas e pagãos, e também representantes da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR). 

Cada religião ocupou um espaço próprio para manifestar a fé à sua maneira e clamar pela paz e diminuição da violência. A ação marcou o início da campanha nacional pelo controle de armas de fogo no país. 

Uma cerimônia, com a presença de autoridades religiosas e representantes do município e do estado, encerrou o encontro no alto do Cristo Redentor. Na ocasião, o Grupo Dó Ré Mi, sob a direção do maestro Leonardo Randolfo, apresentou peças preparadas para o evento. A música “Acredite”, versão em português feita pelo maestro, traz uma mensagem de esperança e paz. O grupo é formado por alunos de escola pública e recentemente foi incorporado pela Escola de Música Cristo Redentor.

Rubem César Fernandes, fundador do Viva Rio e um dos idealizadores da iniciativa, reforçou a união dos grupos religiosos na luta. “Foi um evento sem palanque que reuniu grupos diferentes em busca de caminhos para resolver a questão das armas de fogo no Brasil, que todos sabem que estão descontroladas. Vivemos como se estivéssemos em uma ‘epidemia do tiroteio’. Pegamos essa doença e a vacina está em nossa mente. Essa ação é um estímulo para começarmos, de novo, a controlar as armas no Rio e no Brasil”, comenta. 

Rubem César Fernandes, fundador do Viva Rio e um dos idealizadores da iniciativa 

 

A Mãe Rosângela de Oxóssi acredita que a fé, independente da religião, promove e incentiva a paz. “Quando se tem fé, se tem mais empatia e amor. Quem tem fé mata menos e respeita mais a vida do outro. Pretos e praticantes de religiões de matrizes africanas sofrem violência a vida inteira, então nossa presença aqui é fundamental. Pedimos a Oxalá que haja menos armas no mundo e que as pessoas se unam pela fé”. 

Para o Pai Roberto de Oxóssi, o clamor também é pela liberdade de ir e vir em segurança: “Nos unimos em prol da paz, tranquilidade e segurança, direito de todo cidadão”. 

A programação também contou com apresentações musicais das tradições religiosas representadas. Participaram o cantor e compositor de Umbanda, Malone Abalim; a Banda Sinfônica Missionária Ruth Dóris Lemos, da Assembleia de Deus do Fonseca, em Niterói, que saiu em passeata pelo Parque; e o Coro pela Paz, regido pelo maestro Marcos Paulo Mendes. 

Também foi criada uma área infantil com desenhos e brincadeiras para as crianças.

Cerimônia no Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor encerrou o encontro

 

A comunidade católica promoveu em seu espaço uma roda de conversa para discutir a violência e segurança pública, com membros de algumas pastorais, como da criança e de favelas. O conselho tutelar também participou da ação.

“Todos esses grupos querem o bem da humanidade. Falar de paz é valorizar as pessoas. Não se resolve o problema da violência só com a Secretaria de Segurança Pública, mas com a soma de outros serviços como habitação, trabalho, saúde. Reunimos todas as religiões, vamos chamar o governo e dizer: ‘chega de tanta violência’. Não queremos mais perder nossos entes queridos mortos por balas perdidas”, enfatiza o Monsenhor Luiz Antônio. 

Ivanir dos Santos, professor e babalorixá, membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, também marcou presença no evento. “Temos o dever de participar de todas as ações que defendem o direito à vida. Sabemos que a população jovem e negra é a maior vítima das armas de fogo, então precisamos debater esse grande problema”, conta o babalorixá, que conhece o Viva Rio desde a fundação. 

Na programação também houve vacinação contra gripe e Covid-19. O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, esteve presente e falou sobre os impactos da promoção da paz na saúde pública. “O controle das armas tem vários impactos na saúde, como na saúde mental, por exemplo, pois observamos muitos casos de ansiedade e depressão após episódios de violência. Diariamente, três ou quatro unidades de saúde passam por problemas de violência que dificultam o funcionamento. Então, esse evento do Viva Rio, que estimula a paz, é muito positivo”, analisa. 

Abaixo, confira mais imagens sobre o evento.

 

 

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