Viva Rio celebra 30 anos em um seminário com projeções para os próximos 10 anos

O evento contou com painéis que discutiram segurança, saúde e novos projetos para a organização e para o Rio de Janeiro 

Seminário reuniu mais de 200 pessoas de diversos setores da sociedade 

 

Para dar início às celebrações de seu aniversário, o Viva Rio promoveu um seminário com um olhar para o futuro. O evento “O Rio e o Viva Rio daqui a 10 anos: projeções otimistas por ocasião dos 30 anos do Viva Rio” aconteceu na Casa Firjan, em Botafogo, nesta terça-feira (12). Contou com a presença de mais de 200 pessoas, entre funcionários, apoiadores, representantes do governo do Estado, da prefeitura e da Polícia Militar, além de líderes comunitários e jornalistas. 

O Viva Rio foi criado em 1993, como um movimento pela contenção da violência e pela recuperação do Rio de Janeiro. Desde então, atua em projetos que promovem o bem-estar da população carioca, em diversas áreas. 

No seminário foram realizados painéis que discutiram a próxima década no contexto da  segurança, saúde e drogas, com a presença de especialistas nos temas. O objetivo foi refletir e propor ideias inovadoras e criativas. 

Rubem César Fernandes, um dos fundadores do Viva Rio, afirma que o conteúdo do seminário será utilizado para a criação de novos projetos. “Vamos manter essas conversas vivas, em um sentido propositivo. Precisamos transformar esses assuntos em programas. Não é possível aceitarmos mais tantas mortes, seja de jovens pretos de favela ou de policiais. Estamos cansados de chorar, queremos soluções fortes”, afirmou. 

Na abertura do evento, o secretário municipal de Saúde Daniel Soranz, representando o prefeito Eduardo Paes, reforçou a importância das organizações sociais para a saúde pública da cidade. “O Viva Rio é um exemplo de sucesso da sociedade civil, como um articulador que auxilia na entrega de serviços e políticas para a população. As instituições do terceiro setor são fundamentais na construção de um sistema de saúde melhor”, conta o secretário. 

Paulo Storani, ex-capitão do Bope, e os jornalistas Flávia Oliveira e Octavio Guedes, debatem segurança 

 

Segurança 

O tópico sobre segurança teve dois painéis. O primeiro, chamado “Segurança: impor a paz”, mediado por Rubem César, contou com a participação de Alessandro Visacro, analista de Segurança e Defesa e coronel reserva do Exército Brasileiro e René Gonçalves, coronel e ex-comandante do Bope e do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar. 

A mesa abordou o que tem sido feito para combater a violência no Rio de Janeiro e a necessidade de implantação de políticas de Estado eficazes, especialmente nas favelas, para além da força policial. “Atualmente temos apenas medidas paliativas efêmeras para aplacar a opinião pública negativa. Precisamos buscar uma nova perspectiva de segurança, parar de pensar que segurança pública é feita apenas com polícia”, enfatizou Alessandro Visacro. 

O segundo painel, “Segurança: fazer a paz, manter a paz”, trouxe exemplos de ações bem-sucedidas pela Polícia Militar, como o Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (GPAE), mas reforçou a necessidade de um esforço coletivo, de vários setores sociais, para que a paz prevaleça. 

Fizeram parte da mesa os jornalistas Flávia Oliveira e Octavio Guedes, o coronel Ubiratan Ângelo, gerente de Compliance no Viva Rio e ex-comandante geral da Polícia Militar, o coronel André Batista, ex-subcomandante do Bope, e Paulo Storani, mestre em Antropologia Social e ex-capitão do Bope. 

“Em mais de 40 anos de atuação, vi poucas ações na causa do problema, sempre focamos na consequência. Nada é feito para além da ação policial”, conta Paulo Storani. Já a jornalista Flávia Oliveira reforçou que a favela precisa de políticas públicas que garantam sua dignidade.

“Estamos devendo muito para uma população que atua pela cidade das formas mais dignas e degradantes. Temos que rever diversas questões para essa população como acesso ao mercado de trabalho, habitação, saneamento básico e fornecimento de água, por exemplo”, enfatizou.

Osmar Vargas,  coordenador de Articulação do Viva Rio

 

Saúde 

O painel “Saúde no Rio e no Viva Rio em 10 anos” teve foco na inovação e no uso das novas tecnologias, como a inteligência artificial, para melhorar o atendimento prestado à população carioca em unidades básicas de saúde e em hospitais de urgência e emergência, seja para facilitação do diagnóstico correto, pesquisas ou monitoramento de pacientes. 

Os convidados desta mesa foram Renato Cony Seródio, subsecretário municipal, José Ricardo Pacheco, coordenador-geral de Saúde do Viva Rio, Kamila Conde, diretora-geral do Hospital Municipal Albert Schweitzer, e Marianna Rocha, nutricionista, sanitarista e gestora de contratos no Viva Rio. 

 

Saúde mental e drogas

O encontro também abordou a saúde mental e as drogas nos próximos 10 anos, com a participação de Hugo Fagundes, superintendente de Saúde Mental na cidade; Adilson Pires, secretário municipal de Assistência Social; Marília Rocha, coordenadora do núcleo de Desenvolvimento Social do Viva Rio; Maíra Cabral, psicóloga e coordenadora da área de Atenção Psicossocial da instituição; e Marcelo Wilkes, gestor em Saúde. 

Os componentes da mesa reforçaram a importância de propostas menos truculentas e sem preconceitos para a população que faz uso abusivo de drogas ou sofre com transtornos mentais, além de aumentar a conscientização da sociedade sobre o tema. 

Adilson Pires reforçou a importância do trabalho conjunto da prefeitura com organizações sociais. “O Viva Rio se tornou uma instituição que é orgulho para o Rio de Janeiro, parceira da prefeitura em muitas iniciativas. Quando o Viva comemora 30 anos e provoca a cada um de nós a pensar nos próximos 10 anos, nos estimula a duas questões básicas: reconhecer que sozinhos não conseguiremos, precisamos das parcerias, principalmente com as entidades da sociedade civil e que só conseguiremos uma cidade melhor com muita dedicação, trabalho e empenho”, enfatiza.

O seminário contou ainda com a apresentação dos projetos do Viva Rio para serem iniciados a partir de 2024: Clínica cannabis, assistência e pesquisa; Viva Rio Saúde em 10 anos; Pérolas Negras e Liga das Favelas; Conselho de Administração e Estrutura Institucional em 10 anos; e Viva Favela.

Assista ao vídeo do evento aqui e confira abaixo mais fotos. 

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