RAP da Saúde: conheça curso que forma adolescentes e jovens em promotores de saúde

Viva Rio atuou na seleção dos novos participantes, junto com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio 

Jovens promotores de Saúde da Clínica da Família Barbara Mosley, no Anil, em ação sobre saúde bucal em uma escola pública 

 

O RAP da Saúde – Rede de Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde, projeto da Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS-RJ), é um curso que tem como objetivo fortalecer as ações de promoção da saúde na cidade, tendo os jovens como protagonistas. O Viva Rio foi responsável pela seleção da nova turma, que começou em junho. Ao todo, foram 178 jovens selecionados, com idades entre 14 e 24 anos, que vão atuar em Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde.

O projeto está presente nas 10 Coordenadorias de Áreas de Planejamento (CAP) do município e conta com o pagamento de uma bolsa auxílio. Em um formato dinâmico, os participantes do RAP têm acesso a conhecimentos sobre diversos temas relacionados à área da promoção da saúde como tabagismo, alimentação saudável, saúde mental, sexualidade e prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). A formação dura 10 meses e os jovens, acompanhados por um profissional responsável, também auxiliam na realização de diversas ações como salas de espera, rodas de conversa e oficinas, dentro das unidades e em outros espaços do território, entre eles escolas, abordando temas ligados à saúde.

Marcio Baptista, coordenador do RAP da Saúde, enfatiza o destaque dos jovens no processo de formação. “Eles não sentam em uma sala de aula e somente escutam, mas trazem suas vivências. O objetivo é qualificá-los em diversos temas, entre eles saúde, cidadania, esporte e lazer, para que multipliquem o conhecimento aprendido nos lugares onde moram e frequentam”, explica Marcio. 

Dentro do projeto, existem os multiplicadores, que recebem formação em promoção da saúde e comunicação, e os dinamizadores, que recebem noções de liderança e são monitores dos multiplicadores. Os dinamizadores precisam ter participado do RAP da Saúde por pelo menos 1 ano, ou ter participado dos programas da JUV-RIO, da Assistência Social e de projetos sociais no desenvolvimento de ações de promoção da saúde e em atividades pautadas pelo protagonismo juvenil.

O processo seletivo consiste em uma inscrição online e entrevistas individuais, feitas presencialmente. Para a nova turma, foram 10.800 jovens inscritos e 700 selecionados para as entrevistas, que foram acompanhadas por profissionais de Recursos Humanos e assessores técnicos do Viva Rio. 

Rycher Juan Oliveira, analista de RH do Viva Rio e responsável pelo processo seletivo do RAP da Saúde, comenta a importância da escuta nas entrevistas e a vulnerabilidade social de muitos dos jovens. “A entrevista foi um espaço para ouvir os jovens, algo totalmente diferente de um processo seletivo comum. O perfil dos candidatos foi diverso, e incluiu jovens em vulnerabilidade, moradores de abrigos, abandonados pelos pais e refugiados. A maioria só quer ter um sustento para ajudar a família, ao mesmo tempo que deseja estudar para ter uma vida melhor”, conta. 

Annie Helena Thomaz, assessora técnica do Viva Rio, que também acompanhou a seleção, acredita que o trabalho da instituição de inclusão e oportunidades se assemelha ao objetivo do RAP da Saúde. “Muitos jovens ficam limitados ao que vivem nas comunidades onde moram e o projeto é uma maneira de abrir janelas para um novo mundo. Uma das missões do Viva Rio é a inclusão social e o RAP constrói possibilidades para os jovens. A instituição e o projeto têm tudo a ver”, relata.  

Alycia Menezes, moradora da Penha, de 14 anos, é uma das jovens da nova turma do RAP da Saúde. Ela está no território do Centro Municipal de Saúde Nagib Jorge Farah, em Jardim América. 

Para a adolescente, o RAP amplia seus conhecimentos e opções de carreira profissional. “Me interesso por pré-natal e pediatria, gosto muito de crianças. Não me via atuando nessa área, mas desde que comecei no curso, vi que posso me aprofundar mais e aprender sobre diversos temas de saúde”, conta a aluna. 

Nathália Amorim (do lado esquerdo da imagem), hoje facilitadora no RAP, em uma roda de conversa durante sua formação 

 

Caso de sucesso: de aluna do RAP da Saúde para a equipe do projeto  

Nathália Amorim, de 21 anos, que atua na Coordenadoria de Atenção Primária 3.3, conheceu o RAP da Saúde no ano passado. Em um momento de dificuldade financeira, a jovem viu na formação uma possibilidade de aumentar sua renda e ajudar a família. 

“Eu estava em um momento bem conturbado da minha vida, enfrentando uma dificuldade financeira grande. Minha mãe estava doente e eu vendia doces na rua. Eu precisava de uma oportunidade que desse para conciliar com o meu trabalho nas ruas. Foi assim que me inscrevi no RAP, pela indicação de um ex-professor”, lembra Nathália. 

Inicialmente, era a bolsa auxílio que enchia seus olhos, mas a jovem conta que se encantou pelo projeto. “Muita gente entra pensando na bolsa, porque precisa, além de ser uma chance de ter uma formação e enquanto isso ter o básico para se deslocar e se alimentar. Mas durante o projeto você se apaixona e a bolsa vira só um detalhe”, conta. 

Após se formar no curso, Nathália foi convidada para fazer parte da equipe do RAP da Saúde como facilitadora, profissional que faz a ponte do território com a coordenação do projeto. “Eu não me enxergava como uma jovem cheia de possibilidades, de coisas a vivenciar, e hoje a minha perspectiva sobre mim mesma mudou muito. O Rap mudou a minha vida”, relata a jovem. 

Nathália acompanhou de perto a seleção dos novos jovens e enfatiza a importância da participação ativa do Viva Rio em todas as etapas. “O Viva Rio esteve presente em todas as entrevistas, essa proximidade do projeto com a Organização Social responsável é muito importante. A instituição buscou entender o que é o projeto e os jovens ficaram muito empolgados com a presença do Viva Rio”, finaliza.

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