População em situação de rua: cuidado intersetorial é tema de encontro no Viva Rio

O projeto Pop Samba participou da programação, que reuniu dezenas de profissionais 

 

O programa Central Viva e o VR Educa (coordenação de Ensino e Pesquisa Viva Rio) promoveram o evento “A intersetorialidade no cuidado da população em situação de rua da Zona Sul do Rio”, na última quarta-feira (20), no Teatro Amaro Domingues, na sede do Viva Rio, em Ipanema. A programação contou com mesas de debate e apresentação musical do projeto Pop Samba. 

O evento discutiu formas de cuidado eficazes à população em situação de rua, com um olhar mais amplo, a partir de uma atuação em conjunto entre as áreas de assistência social e saúde, que também devem abranger outros setores, como educação e cultura. Projetos atuais e resultados, desafios enfrentados, importância do trabalho intersetorial, redução de danos e construção de vínculos com as pessoas em situação de rua foram alguns dos assuntos abordados. 

A mesa de abertura contou com a participação de Cristiane Sampaio, coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) Centro Sul; Fabiana Baraldo, coordenadora dos Consultórios na Rua do município do Rio; Luana Prado, coordenadora da 2ª Coordenadoria de Assistência Social; Marília Rocha, coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Social do Viva Rio e Marcelo Pedra (online), pesquisador do Núcleo de Populações em vulnerabilidade e Saúde Mental na Atenção Básica (Nupop). 

Entre os tópicos debatidos, a cultura foi apontada como uma ferramenta importante e eficiente no acolhimento e na criação de vínculos. “Através da arte e da cultura conseguimos ficar mais tempo no território. Levamos os usuários aos museus, ao cinema e a outros espaços de cultura, isso produz um tempo e lugar que normalmente não temos em nossos atendimentos rotineiros, nos aproxima deles”, enfatiza Fabiana Baraldo. 

Já a segunda mesa falou sobre as Tendas, seus objetivos e resultados alcançados por essa ação. Estiveram presentes nessa conversa Cléo Moraes, coordenador do Central Viva; Luzia De Seta, assistente social do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Maria Lina; Juliana Costa, assistente social do Consultório na Rua – CMS Manoel José Ferreira; Juliana Telles, presidente da ONG Nova Chance e Rogério Villela, médico clínico do Centro de Atenção Psicossocial Heleno de Freitas (CAPSad – que atende usuários de álcool e outras drogas). 

Mesas de debate abordaram desafios, avanços e novas propostas de cuidado 

 

As Tendas — que iniciaram em 2017 com o nome Papo de Rua — são uma forma de atender as pessoas em situação de rua no território onde elas estão. A população é acolhida por assistentes sociais e profissionais de saúde, que prestam assistência médica básica. Em 2023, foram realizadas 28 Tendas, em diferentes regiões da Zona Sul do Rio, que atenderam 404 pessoas. 

Cléo Moraes, coordenador do Central Viva, reforça a importância do trabalho em conjunto para melhoria nas formas de cuidado à população em situação de rua. “Enquanto perdemos tempo com nomenclatura, seja assistência social ou saúde, poderíamos estar trocando saberes e avançando ainda mais. O que fazemos é algo muito relevante”, relata. 

A programação contou ainda com a presença de idealizadores e integrantes do projeto Pop Samba, criado em julho do ano passado com o objetivo de ampliar e fortalecer o acesso da população em situação de rua, que “circula” no território do Largo do Machado, aos serviços da rede intersetorial (Saúde, Saúde Mental e Assistência Social), através do recurso da arte e da música.

São realizadas rodas de samba compostas por profissionais de saúde, usuários dos serviços, população em situação de rua, transeuntes e agentes da cultura convidados (blocos de carnaval). O projeto também oferece acolhimento institucional, atendimento social, vacinação e orientações em saúde, emissão de documentos, tenda para distribuição de café, água e lanche, além de distribuição de roupas, preservativos e kits de higiene. 

“Ações com música e cultura abrem espaço para que as pessoas em situação de rua confiem na gente e vejam a saúde não apenas como uma instituição. O Pop Samba promove um ambiente diverso, com possibilidades de cuidado de outras formas para além da tradicional. É lindo, com muita potência”, comenta Thayná Miranda, agente territorial do CAPSad Heleno de Freitas. 

Também estiveram presentes nessa mesa Luiza Santiago, musicoterapeuta do CAPS Franco Basaglia e coordenadora do Pop Samba; Raphaela Yves, assistente social da 2ª Coordenadoria de Assistência Social; Diogo Gallindo, voluntário do projeto e Michel Saraiva e Paula Durso, pedagogos do Núcleo de Desenvolvimento Social do Viva Rio. 

Confira abaixo mais fotos do evento.

 

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