Onde a diáspora se encontra: Brasil, Haiti, África

Evento do Haiti Aqui trouxe para o Viva Rio músicas, poesia, dança, roda de conversa e feira de gastronomia e moda

Luckner Guerrier, presidente da UNIB e coronel Ubiratan Ângelo na roda de conversa 

 

17/11/2022

Música, poesia, oficina de dança haitiana, roda de conversa e uma feira de gastronomia e moda foram as atrações do evento “Onde a diáspora se encontra: Brasil, Haiti, África”, realizado pelo projeto Haiti Aqui, do Viva Rio, nesta quinta-feira (17), na sede da instituição, em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. 

O evento, gratuito e aberto ao público, teve como objetivo celebrar a diáspora negra africana e haitiana, e promover a aproximação das culturas afro-brasileiras e haitianas. A Secretaria Municipal Especial de Cidadania e o Ministério da Justiça apoiam o projeto. 

Luckner Guerrier, presidente da União dos Negros Imigrantes no Brasil (UNIB), Vania Morales, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Rosiane Rodrigues, antropóloga e pesquisadora do INEAC, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e o coronel Ubiratan Ângelo foram os participantes da roda de conversa. 

Também estiveram presentes no evento Dianduala Nguidi, filha de imigrantes, representante da Secretaria Municipal Especial de Cidadania e o haitiano Garry Ulysse, da Secretaria de Direitos Humanos de Maricá. 

Luckner Guerrier, presidente da União dos Negros Imigrantes no Brasil e biomédico, está no Brasil há oito anos. Ele abriu a roda de conversa contando um pouco da história do Haiti, passando pela colonização, exploração das riquezas e revoluções. O haitiano reforça que a história do país não pode ser resumida à miséria e que a cultura local precisa ser valorizada. 

Equipe do Haiti Aqui com os convidados da roda de conversa 

 

“Nosso idioma, o crioulo, faz parte da nossa revolução e identidade. Há um falso entendimento de que os que não falam francês não são intelectuais (…) Muito se fala de fome e miséria, mas a realidade do nosso país não é só essa. E só há tanta pobreza por causa das explorações”, fala Luckner Guerrier. 

Rosiane Rodrigues, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), em sua fala, destacou o exemplo dos haitianos na resistência e respeito às tradições e culturas. “Os haitianos nos dão aula em como manter nossa resistência. Nos ensinam, desde o século 18, como somos potentes e a importância de mantermos as tradições. A comunidade haitiana nos ensina muito sobre dignidade, respeito e memória”. 

“No Brasil, no Rio de Janeiro, há muitos negros. Nós como negros e haitianos, estamos precisando dessa união, promovida, por exemplo, por um evento como o de hoje. Tenho visto que haitianos e brasileiros estão se aproximando, unindo as culturas. É disso que os negros estão precisando: se unir para transpor barreiras”, finaliza Luckner Guerrier. 

“Temos o Cais do Valongo, o maior ponto de entrada de negros escravizados da América Latina e patrimônio mundial da humanidade. Por conta disso, o Rio de Janeiro tem em sua história um vínculo profundo com os países da diáspora africana e deve ser o porto da Kizomba – o reencontro da raça”, afirmou o jornalista Edu Nascimento, mediador da roda de conversa e curador do evento.

Cozinha da Latifa, de comida nigeriana, participou da feira gastronômica 

 

Feira de gastronomia e moda 

A feira de gastronomia e moda afro tem por objetivo gerar renda e divulgar o trabalho de empreendedores imigrantes, refugiados e afro-brasileiros. Entre os participantes da feira estão o Amusement (comida haitiana), a Cozinha da Latifa (comida nigeriana), o Bar Dona Esponja (comida afro brasileira), a Lian D´Afrika modas, a Raízes Afrikanas (moda angolana) e a Modash (moda afro brasileira). 

 

 

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