“Escute uma mulher: elas ouvem muito, mas nem sempre são ouvidas”

 

Roda de conversa na Clínica da Família Valdecir Salustiano Cardoso, em Cosmos

 

30/03/2023

Ao longo deste mês, o Viva Rio promoveu a campanha “Escute uma mulher: elas ouvem muito, mas nem sempre são ouvidas” com o objetivo de dar voz para essa parcela da sociedade, muitas vezes silenciada. Na ação, foram contadas diversas histórias que explicitam os preconceitos e desafios enfrentados diariamente pelas mulheres, bem como a luta por direitos e tratamentos igualitários em todos os ambientes. 

A campanha também promoveu uma série de rodas de conversa onde experiências e sentimentos foram compartilhados entre as participantes sobre variados temas. Além disso, uma ação de doação de itens de higiene menstrual (absorventes internos e externos, calcinhas absorventes e coletores menstruais) foi promovida pelo Haiti Aqui e Voluntariado. Os itens serão doados para pessoas que menstruam em situação de vulnerabilidade, imigrantes e refugiados. 

Um dos relatos ouvidos e divulgados pela campanha “Escute uma mulher” foi o da Tatiane Camacho Monteiro, 37 anos, controladora de acesso no Hospital Municipal Albert Schweitzer. Antes de trabalhar na unidade, ela foi serralheira no estaleiro Eisa, na Ilha do Governador, e sofreu preconceito e assédio por colegas de trabalho. 

“Trabalhava sozinha com mais de 80 homens. Cansei de ouvir que não ia aguentar o trabalho e meu salário era muito menor que o deles. Meu chefe me colocava em funções que achava que eu não conseguiria executar só para me fazer desistir. Escutei muitas cantadas e convites para sair em troca de dinheiro”, lembra. 

Tatiane conta que trabalhou no estaleiro por aproximadamente nove anos e exerceu diversas funções. “Apesar das dificuldades, persisti e saí de lá como técnica em Mecânica Industrial. Mostrei que eu era capaz de fazer o que me propus, mas ninguém deveria passar por essas situações só por ser mulher”, finaliza. 


Roda de conversa no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo

 

Rodas de conversa promovidas pelo Viva Rio no mês da mulher

O programa Cuidando de quem cuida promoveu uma série de rodas de conversa com colaboradoras da sede do Viva Rio, do Hospital Municipal Albert Schweitzer e da Clínica da Família Valdecir Salustiano Cardoso, além de mulheres atendidas pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Maria Lina. 

O evento no Albert Schweitzer abriu a programação, que contou com bate-papos para as usuárias e colaboradoras. Gestantes do projeto Cegonha Carioca e mães atendidas pela maternidade participaram da roda de conversa realizada pela equipe de psicologia e ainda desfrutaram de uma festa, com direito a ultrassonografia natural, cuidados de beleza e sorteio de brindes. 

Para as funcionárias, a psicóloga do Cuidando de quem cuida, Karen Jones, mediou uma conversa com o tema “Força forte e força fraca”. “Foi uma troca fundamental de experiências e emoções, algo que nos fortalece. Me sinto grata de ter participado”, declarou Patrícia Jesus, assessora administrativa da Coordenadoria Geral de Emergência 5.1. 

Na sede do Viva Rio, o tema do encontro foi o mesmo que o da campanha: “Escute uma mulher” e contou com a presença da psicoterapeuta Katherine Oletriz. Um dos principais assuntos abordados foi a sobrecarga e cansaço das mulheres, além das muitas cobranças impostas a elas. “Esse cansaço é profundo, vai além das tarefas diárias. Eu, por exemplo, nunca me sinto suficientemente bonita, capaz ou magra. Mas quem diz que você é (ou não) suficiente? Não precisamos provar nada para ninguém”, discursou Katherine, que também já foi modelo e atriz. 

As mulheres imigrantes e refugiadas também participaram da programação do mês. O projeto Haiti Aqui esteve na “Rota de Direitos”, do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, e promoveu uma conversa com mais de 25 mulheres, principalmente venezuelanas e colombianas. O tema foi “Migração, saúde e cultura: o que as mulheres imigrantes têm a dizer sobre autocuidado”. 

Na Clínica da Família Valdecir Salustiano Cardoso, em Cosmos, mais de 40 mulheres participaram da roda de conversa “Flores que falam”, organizada pela Sala da Mulher Cidadã, da prefeitura do Rio. O Viva Rio, através da psicóloga Karen Jones, mediou o bate-papo com as mulheres que frequentam a sala. “Ouvimos muitas histórias como a de uma mulher de 75 anos que foi abandonada pelo marido quando era mais nova, com quatro filhos, e teve que aprender a costurar e trabalhar muito para sustentar as crianças. Só agora está tendo a oportunidade de aprender a ler e cuidar de si”, lembra Karen. 

A campanha também chegou até o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Maria Lina, no Flamengo. Nessa programação, homens e mulheres participaram de uma palestra ministrada pela psicóloga Karen com o tema “Felicidade e saúde mental”. 

Todos os relatos das mulheres ouvidas pela campanha “Escute uma mulher” estão em nossa página no Instagram: https://www.instagram.com/viva_rio/

Postado em Notícias.