ZECA BORGES, fundador do Viva Rio e do Disque Denúncia (1943 – 2021)

Uma vida a serviço da segurança pública do Rio de Janeiro

Fotos: Divulgação Disque Denúncia

 

3/12/2021

 O Rio de Janeiro perdeu na noite passada um dos mais importantes batalhadores pela segurança pública em nosso estado. O porto-alegrense José Antônio Borges Fortes, 78 anos, popularmente conhecido como Zeca Borges, criador do Disque Denúncia do Rio de Janeiro, morreu vítima de infarto, enquanto estava internado na emergência de um hospital em Copacabana.

Zeca Borges foi um dos fundadores do Viva Rio. O Disque Denúncia nasceu aqui, no Viva Rio, em 1995, inspirado no similar norte-americano Crime Stoppers. Quando foi concebido, a cidade enfrentava uma onda dramática de violência, com os piores índices de sequestros do país. Logo depois, o Disque Denúncia tornou-se um projeto independente do Viva Rio e com vida própria, sob a liderança do Zeca.

Ao longo de seus 26 anos de existência, o Disque Denúncia recebeu mais de 2,7 milhões de denúncias, que resultaram na prisão de mais de 20 mil de criminosos de todos os tipos, entre eles os traficantes Nem, da Rocinha, e My Thor, do Catete.

“O Rio perde o gaúcho mais carioca e apaixonado por essa cidade. E nós, perdemos um grande líder e um amigo Zeca, seu legado jamais será esquecido. Continuaremos firmes na missão que nos foi dada para conduzir o Disque Denúncia”, disse, em nota, a instituição.

O Disque-Denúncia é um serviço comunitário e não-governamental de combate ao crime, através do recebimento de denúncias anônimas pelo telefone (21) 2253-1177, em estreita parceria com a autoridades policiais de Segurança do Estado do Rio de Janeiro. As denúncias são encaminhadas às Polícias, com intuito de ajudá-las no combate ao crime. O Disque Denúncia também oferece recompensas para quem ajudar na localização e prisão de criminosos perigosos.

Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ), Zeca Borges atuou por quase três décadas no mercado financeiro, até ser convidado para criar um serviço de atendimento telefônico que desse ao cidadão um meio para canalizar sua indignação, levando-o, assim, a colaborar com as Polícias. A ideia era de que qualquer cidadão pudesse ajudar as autoridades a combater o crime.

Zeca estabeleceu três garantias básicas para que o projeto tivesse êxito: o anonimato de quem fizesse a denúncia; a independência de qualquer ingerência pública, mesmo sendo parcialmente financiado com recursos do Estado; e a não subordinação às Polícias. Atualmente, o Disque denúncia recebe uma média de mais de 6 mil denúncias por mês.

Zeca veio morar no Rio aos 15 anos. Era apaixonado pelo sol e pelo mar e nunca morou a mais de cem metros da praia. Leitor voraz e frequentador assíduo de sebos e livrarias, devorava vários livros ao mesmo tempo e durante a pandemia começou a exercitar a escrita, tendo contos publicados no blog Carioca de Porto Alegre. Durant a pandemia, trabalhava para que os casos mais interessantes do Disque Denúncia fossem contados em um livro, que vinha sendo organizado pelo jornalista Mauro Ventura.

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