Viva Rio realiza roda de conversa sobre acolhimento a imigrantes nos 125 anos da Fiocruz 

O bate-papo aconteceu na Feira Preta, parte da programação de aniversário da instituição, que valoriza a cultura afro-brasileira  

Roda de conversa do Viva Rio abordou questões como saúde mental, racismo e acesso à saúde 

 

O Viva Rio, através da área de Diversidade e do projeto Haiti Aqui, realizou, na última semana, uma roda de conversa na Feira Preta, projeto da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em comemoração aos 125 anos da instituição. O bate-papo trouxe reflexões sobre boas práticas de acolhimento a imigrantes e refugiados, considerando suas necessidades e sua cultura. A 10ª edição da Feira Preta aconteceu de 28 a 30 de maio, com rodas de conversa, oficinas, culinária, moda, artesanato e cosméticos. 

Voltada para funcionários da Fiocruz, a conversa conduzida pelo Viva Rio abordou temas como racismo, saúde mental, acesso às unidades de saúde e importância de um acolhimento que respeite as origens dos imigrantes. 

“Trouxemos casos reais atendidos por nós. Um dos principais tópicos foi sobre a raça como demarcadora no processo migratório. Algumas pessoas só descobrem o racismo quando chegam no Brasil, por isso é importante pensarmos em políticas públicas migratórias que levem em consideração o ponto racial. Também reforçamos a importância de facilitar o acesso dessa população às unidades de saúde, através de mediadores culturais imigrantes, que falam o idioma deles. E que, sobretudo, o tratamento de saúde dessas pessoas respeite sempre sua origem, cultura e religiosidade”, comentou Isabel Santos, coordenadora do Haiti Aqui. 

Merces de Brito, dona de uma marca de roupas afro exposta na feira, a Use Ametista, foi uma das participantes da roda de conversa. “A Feira Preta foi maravilhosa, participei da  roda de conversa do Haiti Aqui e foi super proveitosa. Existem iniciativas incríveis no Brasil que a grande maioria das pessoas não conhece, como esse projeto de apoio à imigrantes. Foi muito bom saber que podemos acessar o Haiti Aqui e ter informações para ajudar outras pessoas”, comentou. 

Equipe do Viva Rio com funcionários da Fiocruz 

 

Segundo Camila Teixeira, funcionária da ENSP e realizadora da Feira Preta, esta é uma iniciativa que busca valorizar a cultura afro-brasileira e tem como público-alvo os funcionários da Fiocruz. “É um evento que vai muito além da venda de produtos, é um espaço de resistência onde trazemos nossa cultura, não só culinária e moda, mas rodas de conversas para conscientização da comunidade Fiocruz e atrações culturais, pois nosso povo também se comunica pela arte. A nossa forma de sobrevivência é essa: através da alegria, da expressão das nossas potências”, ressalta. 

Jacilea Santos, coordenadora de Diversidade do Viva Rio, comenta a importância da instituição compartilhar seus conhecimentos. “Estar nesse evento e falar sobre nossa experiência de atendimento a imigrantes é mais um espaço de partilha que temos, com o objetivo de não apenas divulgar nosso projeto, mas falar das ações que outros profissionais podem desenvolver para acolher efetivamente essa população. Nossa participação foi imprescindível, tiveram momentos muito emocionantes. Pudemos ouvir também mulheres pretas, de religiões de matriz africana, sobre o racismo enfrentado nos locais de acolhimento à saúde. A área de Diversidade do Viva Rio vem construindo seu espaço dentro e fora da instituição”, reforça a profissional. 

Em 2024, o Haiti Aqui realizou 1.200 atendimentos a imigrantes e refugiados. Neste ano, só nos primeiros quatro meses, foram 350 atendimentos. O projeto também realiza capacitações e rodas de conversa para profissionais de prefeituras do Estado e universitários sobre imigração e boas práticas de atendimento à população migrante.  

Texto: Raquel de Paula

Postado em Notícias.