11/4/2016
Mais de 100 pessoas se alongaram na largada da ConvidAtiva, a caminhada inclusiva para Pessoas com Deficiência (PCDs) promovida pelo Viva Rio no calçadão de Copacabana no domingo (10), como parte das comemorações pelo Dia das Boas Ações. No grupo, uma minoria de PCDs não só se integrou aos demais, como caminhou cerca de 3 km até o Parque Garota de Ipanema para shows e confraternizações.
Com boné cor de rosa, Rosângela Ferreira da Silva, 54 anos, se destacava no grupo, formado pelos alunos da Academia Carioca da Rua Siqueira Campos, na zona Sul, ponto do calçadão onde começou o alongamento coletivo. Ela sofre de retinose pigmentar agressiva, que suprimiu 95% de sua capacidade de enxergar, quem chamava a atenção mesmo era seu filho, Rafael, 30 anos, cuja altura o distinguia dos demais.
“Comecei a me exercitar na Academia Carioca há quatro anos e minha vida mudou. Antes ficava prostrada na cama, com depressão. Tudo isso passou e, além de me sentir muito melhor, conquistei novas amizades entre os alunos”, festejou Rosângela, que tirou de letra a caminhada. As boas ações são uma prática comum para ela como participante da Associação Girassol, que ajuda os deficientes visuais. Já Rafael pega carona com a mãe para iniciar a prática de atividade física em academia.
Em situação semelhante, Carlito Gomes de Araújo, desempregado de 66 anos, acompanhou a mulher, Terezinha Luz, 64, no evento e costuma ajudá-la no recolhimento de roupas usadas para doações em Nova Friburgo, onde moram seus familiares. Assim como Rafael, Carlito não está habituado a praticar exercícios, mas nem por isso deixou de fazer a caminhada, sob um sol de rachar.
Diarista, Terezinha sentia muitas dores na coluna e nos pés, além de cansaço. “Já levantava da cama mancando”, lembra ela, que recuperou o bem estar após um ano de Academia Carioca. “As dores passaram e já fiz esse trajeto de 3 km várias vezes, numa boa”, dizia, sorridente.
E se sobrava animação na largada, os ânimos se mantiveram em alta no Parque Garota de Ipanema, em frente ao Arpoador, onde se concentraram as diversas iniciativas organizadas pela plataforma social Atados, que conecta pessoas e organizações interessadas em voluntariado no Dia das Boas Ações, com participação de um eclético público, de todas as idades.
“Nosso objetivo é promover a inserção de PCDs nas atividades físicas programadas pela Academia Carioca e criar um ambiente mais acolhedor para eles, sem excluir os demais”, explicou o coordenador do Viva Eficiente, Raphael Esteves, braço do Viva Rio gerente geral do projeto.
O parque foi tomado por barraquinhas de diversas instituições, como a do Viva Rio, que distribuiu frutas frescas aos visitantes; da Meu Rio, Conexão do Bem, Anistia Internacional e Cruz Vermelha, entre outras. A área foi dividida entre vários espaços, de Feminismo e Gênero; Sustentabilidade e Meio Ambiente; Bem Estar e o palco principal, onde Marcus Mena, cantor que se recupera de uma parada respiratória provocada por uma lipoaspiração e militante da causa PCD, cantou seus sucessos Uma carta e Sem radar acompanhado da banda Troá. “É só acreditar para se regenerar”, incentivou o público.
Celebrado em 70 países desde 2007, quando foi criado em Israel, este ano o Dia das Boas Ações alçou o Brasil a capital mundial da data. Só no Rio de Janeiro foram desenvolvidas mais de 100 iniciativas, em 20 pontos distintos da cidade.
(Texto: Celina Côrtes|Fotos: Tamiris Barcellos)