Nesta quinta-feira, voluntários receberam treinamento e saíram às ruas para avaliar o comércio local
Voluntários avaliam acessibilidade de lojas em Ipanema, Zona Sul do Rio
Em uma ação de inclusão e conscientização, o Viva Rio Eficiente e a Biomob promoveram, na tarde desta quinta-feira (11), um mutirão de acessibilidade em Ipanema, no Rio. As equipes das instituições, junto com voluntários, foram às ruas para mapear a acessibilidade de estabelecimentos do bairro. Os participantes também receberam um treinamento que abordou temas como combate ao capacitismo, eliminação de barreiras e comunicação inclusiva.
A proposta do mutirão foi alimentar o aplicativo da Biomob, que é uma ONG e consultora em acessibilidade. O aplicativo auxilia pessoas com deficiência a encontrarem estabelecimentos acessíveis, vagas de estacionamento, eventos e até empregos. No mutirão feito no comércio de Ipanema, foram avaliados alguns critérios de acessibilidade como o espaçamento na calçada, uso de rampas e espaço para locomoção de usuários de cadeira de rodas.
Sobre o treinamento, os voluntários aprenderam sobre a história da pessoa com deficiência, a comunicação inclusiva, linguagem neutra e linguagem simples, o combate ao capacitismo e eliminação de barreiras arquitetônicas e atitudinais, o que é acessibilidade, as normas da ABNT e o Aplicativo Biomob.
Valmir de Souza, criador da Biomob, ressalta a importância de propagar informações sobre acessibilidade para todos: “Nós entregamos cartilhas, alimentamos nosso aplicativo com o máximo de informações possíveis sobre onde pessoas com mobilidade reduzida podem se alimentar, comprar ou fazer qualquer outra coisa. Mas nossa proposta principal é espalhar informação, isso ajuda a resolver a maior parte das questões de acessibilidade, que são por falta de conhecimento”.
A loja de Eduardo Areal, ACB da Construção, foi a primeira a receber um selo de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. “A sociedade é feita da diversidade, então é importante permitir que seu negócio chegue a todos. Outra coisa que me chamou atenção é que o bairro tem muitos idosos, que às vezes também têm dificuldades de subir uma escada, por exemplo”, conta o proprietário.
Os estabelecimentos que foram avaliados positivamente, receberam um selo
Uma das voluntárias na ação foi Lidiane de Figueiredo, que trabalha nos Recursos Humanos da Lukatoner Informática. Ela também trouxe outros funcionários para participar. “Por estar no RH, preciso me inteirar para trazer inclusão para dentro da empresa. Precisamos ter esse tipo de conscientização para receber as pessoas com respeito. Quero repassar para outros o que aprendi aqui”, explica.
Para Renato Freitas, coordenador do Viva Rio Eficiente, a parceria com a Biomob é importante para auxiliar ainda mais as pessoas com deficiência. “Esse trabalho já aconteceu há alguns anos, já temos histórico de participação em mutirões. Os comerciantes enxergam a acessibilidade como algo caro, então não querem investir. Nosso papel é trazer a conscientização de que a pessoa com deficiência também é consumidora. Começamos em Ipanema, mas queremos ampliar para todo o Rio”, conta, animado.
Felipe de Matos, presidente da ONG Biomob desde 2016, sabe bem a importância de locais acessíveis. Como usuário de cadeira de rodas, ressalta a diferença que isso faz em sua vida. “Há 16 anos eu não tinha lesão na medula, então vivi por um período com mobilidade normal, mas após minha lesão, tive que me readaptar. Não é justo que pessoas com algum tipo de dificuldade de locomoção sejam privadas de sair. Estamos trabalhando para mudar esse cenário, tanto nas ruas como digitalmente também”.
A Biomob foi criada em 2004 por Valmir de Souza, profissional de Educação Física, que começou a trabalhar em um projeto de implante de células tronco para cura de lesão medular. A partir de então, conheceu várias pessoas com lesão na medula e resolveu pensar em uma forma de ajudá-las e fazer a diferença. Hoje a instituição é consultora em acessibilidade e projetos sociais voltados para pessoas com deficiência, egressos do sistema prisional, LGBTQIAP+, mães solo, refugiados e jovens em vulnerabilidade social.