Viva Rio debate uso da cannabis medicinal em favelas e periferias

Evento reuniu mais de 150 pessoas, entre profissionais e interessados no tema 

 

O Viva Rio promoveu, nesta quinta-feira (13), um encontro para debater o uso da cannabis medicinal em territórios vulneráveis da cidade, como favelas e periferias. Mais de 150 pessoas participaram, entre profissionais que atuam em unidades de saúde mental e atenção primária e público em geral. O evento “Bruta Flor – Uso de cannabis para fins terapêuticos nos territórios” foi realizado no Instituto Philippe Pinel, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. 

A roda de conversa foi gratuita e teve como objetivo trazer informações sobre a utilização da planta como remédio para diversas doenças, sobretudo as relacionadas à saúde mental, como Transtorno do Espectro Autista (TEA), dor crônica, ansiedade e depressão, especialmente para populações mais vulneráveis. O evento também abordou a possibilidade da cannabis ser uma ferramenta de redução de danos para os que fazem uso abusivo de drogas mais danosas, como crack e cocaína. Outro aspecto ressaltado foi a importância da regulamentação e da ampliação dessa forma de tratamento para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). 

A mesa de debate foi composta por Marilene Esperança, fundadora e presidente da Associação Brasileira de acesso à Cannabis Medicinal do Estado do Rio de Janeiro (AbraRio), Lucia Cabral, assistente social e coordenadora da Ong Educap, Rodrigo Pacheco, Médico de Família e prescritor de cannabis, e Suellen Hellmann, biomédica sanitarista e mestranda em Saúde Coletiva. 

“Meu filho tem uma doença rara que causava convulsões constantes, várias medicações foram experimentadas e nada adiantava. Após uma das muitas internações, quando ele ficou 18 dias convulsionando, já em estado vegetativo, começamos a tratá-lo com o óleo de THC, feito com a cannabis. Em um mês de uso ele melhorou muito, já conseguia ficar de pé. A AbraRio tem como missão contribuir para a ampliação do uso da cannabis medicinal. Mas não só isso, nosso compromisso também é formar profissionais de saúde, fomentar o conhecimento científico e ampliar o acesso à informação de qualidade”, comentou Marilene Esperança, fundadora e presidente da AbraRio. 

Profissionais do Viva Rio e representantes da prefeitura do Rio

 

Também estiveram no evento Hugo Fagundes, superintendente de Saúde Mental da prefeitura do Rio, Renato Cony, subsecretário de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde, e Pedro Strozenberg, diretor-executivo do Viva Rio. 

Maíra Matos, coordenadora de Saúde Mental no Viva Rio, reforça a importância de fortalecer a discussão sobre esse tema. “Esse debate precisa ser ampliado para chegar nos territórios mais violentados e vulnerabilizados da cidade, áreas de atuação histórica do Viva Rio. A instituição sempre atuou na redução de danos e no fortalecimento da qualidade de vida das populações mais vulneráveis, o que dialoga, e muito, com o potencial terapêutico da cannabis. Essa é a primeira de muitas ações que visam democratizar o debate, o acesso à informação de qualidade e contribuir para que o medicamento chegue para quem mais precisa, de forma coletiva e associativa”, afirmou. 

Este é o primeiro de uma série de eventos organizados pela área de Saúde Mental do Viva Rio para discutir o uso da cannabis para fins medicinais nas favelas cariocas. Em 2026, serão realizados dois seminários, um na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em março, e outro no Museu do Amanhã, em julho. 

São parceiros nesse projeto a Secretaria Municipal de Saúde, a Rede de Atenção Psicossocial do Rio, a AbraRio, a Fiocruz e a associação APEPI. 

Confira abaixo mais fotos do evento.

Texto: Raquel de Paula

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