A produção de notícias e a democratização da comunicação estão na pauta do dia das favelas brasileiras. Pela primeira vez, questões que eram abafadas ou nunca pautadas nos veículos de grande circulação entraram no debate. Pela primeira vez, tornam-se visíveis as narrativas construídas por sujeitos falantes de si, da sua favela.
Mas não só. A produção, difusão e circulação dos conteúdos produzidos nas favelas e periferias não estão somente relacionadas ao próprio território. Surgem pautas diversificadas que ampliam as discussões sobre temas como sexualidade, mobilidade urbana, representação, direito à cidade, entre outros.
Um mapeamento realizado este ano pelo Observatório de Favelas com cerca de 120 veículos de comunicação comunitários, como sites, jornais impressos e perfis em redes sociais, ao mesmo tempo em que aponta para uma pluralidade de identidades e causas, mostra que eles procuram dar visibilidade e pautar problemas para que sejam reconhecíveis até por quem não os sofre diretamente.
2014 ficará marcado, também, como o ano em que os veículos de comunicação passaram a valer-se de maneira intensa dos novos dispositivos tecnológicos na corrida pela informação. E, neste sentido, o protagonismo do jovem tanto para buscar e difundir informação como para levantar discussões e manifestar opiniões, pautar o que até bem pouco tempo era ignorado também chama a atenção.
Como pontua o sociólogo Eduardo Alves, diretor do Observatório de Favelas, no artigo A jovem tecnologia da juventude tecnológica, “as pessoas que possuem entre 15 e 29 anos foram diretamente formadas nessa nova realidade que vem se desenhando, aprimorando e solidificando nos últimos anos, por meio de constantes modificações”.
São novos tempos, que vieram para ficar. Como aponta a editora Raquel Paiva, “o ano de 2014 certamente não vai ser esquecido”. A Revista #21 do Viva Favela faz uma radiografia sobre esse novo contexto: por que, como e quem está por trás da comunicação comunitária. A Maré, brava e pioneira, fazendo grandes tiragens de jornais impressos; a Rocinha, trazendo história de seus primeiros comunicadores; o Complexo do Alemão, que tem se consolidado com o uso frequente e massivo das redes sociais, a partir da iniciativa do jovem Rene Silva, a luta do Santa Marta para manter viva sua rádio comunitária, um site que, na contramão, noticia o crime e um novo site sobre a produção cultural da Baixada Fluminense.
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(Redação Viva Favela)