Violência contra mulher: Viva Rio realiza talk show com Fernanda Abreu e polícias civil e militar

Evento celebrou os 18 anos da Lei Maria da Penha e foi destinado às mulheres das comunidades do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho

 

Mais de 200 pessoas participaram do evento, na sede do Viva Rio 

 

No aniversário de 18 anos da Lei Maria da Penha, celebrado na última quarta-feira (7), a cantora e compositora Fernanda Abreu comandou um talk show na sede do Viva Rio, em Ipanema, com a presença de representantes da polícia civil e militar, parceiros na ação. O evento, destinado às comunidades do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, teve como tema a violência contra a mulher e os serviços de proteção contra abusos. 

Participaram do talk show Tatiana Queiroz, delegada da Polícia Civil e diretora-geral da Polícia de Atendimento à Mulher, a major Bianca Ferreira, coordenadora da Patrulha Maria da Penha – Guardiões da Vida, a assistente social Juliana Siqueira, especialista em políticas de gênero e direitos humanos, e Kátia Marcos, treinadora de boxe olímpico e mediadora de conflitos, representante da comunidade do Cantagalo. 

O evento também marca o início da cooperação entre o Viva Rio e a Polícia Civil do Rio de Janeiro. Na ocasião, o secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Marcus Vinícius Amim, e a diretora-executiva do Viva Rio, Marília Rocha, assinaram o termo de parceria entre as duas instituições, que vai implementar um programa de defesa e acolhimento de mulheres em situação de violência. A iniciativa inclui diálogos com a sociedade, seminários e capacitação de agentes para aperfeiçoar o acolhimento das vítimas.

“É um privilégio muito grande estar aqui em um local e evento tão importante como esse, que celebra 18 anos da Lei Maria da Penha em um contexto que infelizmente não mudou e para mudar o cenário de violência precisa muito mais do que uma lei penal. É preciso uma mudança de entendimento, de homens e também mulheres. Nós homens temos o compromisso de lutar contra a violência, e enquanto autoridades, nosso compromisso é ainda maior, de conscientizar os nossos policiais sobre o acolhimento das vítimas”, comenta o secretário Marcus Amim. 

A cada 24h ao menos 8 mulheres são vítimas de violência no Brasil. E o Rio de Janeiro, Rondônia e Amazônia são os estados com mais registro, segundo números do DataSenado, do Senado Federal. De acordo com dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a violência contra mulheres está em alta em comparação com o ano anterior. Os feminicídios aumentaram 0,8%, com registro de 1.467 mulheres mortas. Houve, ainda, crescimento de 9,2% nas tentativas de homicídios, com mais de 8 mil vítimas. 

 

Durante o talk show, mulheres, e também homens, aprenderam sobre os tipos de violência, a Lei Maria da Penha (criada para punir adequadamente agressores e coibir atos de violência doméstica contra a mulher), medidas protetivas e  conheceram serviços de acolhimentos do município e do estado para vítimas de violência, além de outros assuntos dentro da temática.  

Denise Moreira, 57 anos, nascida e criada na favela do Cantagalo, foi uma das mais de 200 pessoas presentes no evento, entre moradores das comunidades e funcionários do Viva Rio  e da Polícia. Vítima de violência doméstica, Denise reforça a importância de trazer informações para as jovens, a fim de evitar que sofram abusos.  

“Eu já sofri violência, minha mãe também. Tive um filho com 15 anos, fiquei nesse relacionamento por dois anos. Só ele podia sair, me batia frequentemente. Minha mãe sofreu a vida toda, meu pai bebia e a agredia, ele chegou a comprar uma arma para tentar matá-la. Como já vivenciei isso, tento alertar todas as meninas do meu convívio. É importante que esses debates sejam feitos para adolescentes e jovens de 15, 20 anos, que não enxergam as violências e acreditam que seus parceiros vão melhorar. Essa temática abriu muito a mente de pessoas aqui da comunidade que não têm noção das leis e serviços que protegem as mulheres”, comenta. 

A cantora Fernanda Abreu, que comandou o bate-papo, conta que procurou o Viva Rio com o desejo de realizar uma entrega voluntária de armas, pertencentes ao falecido pai, já que no passado a instituição promoveu campanhas de coleta de armas de fogo. Ela foi encaminhada para a Delegacia de Atendimento à Mulher e conheceu o trabalho no atendimento às vítimas de violência. A ideia do evento surgiu quando a cantora se deu conta de que tinha muitas dúvidas. 

“Percebi que tinha muitas dúvidas sobre a violência contra a mulher, como ela deve agir nesses casos, o que pode fazer, o que é uma violência física, moral, psicológica, etc. Pensei que as minhas dúvidas poderiam ser de outras mulheres também, então nos unimos para promover esse espaço com todas essas mulheres que têm muito o que ensinar. Tenho uma alegria enorme em ter essa parceria com o Viva Rio, que vem desenvolvendo há anos um trabalho para um Rio de Janeiro pacífico, onde o foco é a educação, a cultura”, explica a cantora. 

Confira abaixo mais fotos do evento. 

Texto: Raquel de Paula 

Fotos: Marino Salvador – Ascom Polícia Civil e Comunicação Viva Rio

Postado em Notícias.