Colaboradoras do Hospital Albert Schweitzer, uma das unidades que recebeu a atividade
No mês de prevenção ao suicídio, o Viva Rio promoveu uma série de rodas de conversas com seus colaboradores, através do programa Cuidando de quem cuida. As atividades aconteceram em unidades de saúde e no Espaço Nova Geração (ENG), em Niterói. Mais de 170 profissionais tiveram a chance de refletir sobre o Setembro Amarelo e compartilhar suas experiências de superação em bate-papos mediados pela psicóloga Karen Jones.
As últimas estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio, o que representa uma em cada 100 mortes registradas. No Brasil, o número de suicídios cresceu 11,8% em 2022 na comparação com 2021, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Diante de números tão altos, é necessário promover ações de prevenção e reforçar a valorização à vida. Nas atividades do Viva Rio, a psicóloga Karen Jones, do Cuidando de quem cuida, ministrou uma palestra onde abordou a importância das emoções negativas e a compreensão de que tristezas e situações difíceis fazem parte da vida.
“Meu foco foi valorizar a vida. O objetivo era fazer os participantes entenderem que felicidade não é a ausência de problemas ou tristeza. Também expliquei a diferença entre tristeza e depressão, além de reforçar a importância das emoções negativas. A vida às vezes dá errado, mas também dá certo, foi isso que eu quis trazer em minha fala. As pessoas saíram animadas, pensando ‘vida’”, explica a profissional.
Roda de conversa no CMS Nilza Rosa, na Tijuca
Nos encontros, os colaboradores puderam contar sobre suas vivências com o tema. Segundo Karen, na maioria das rodas existia alguém que havia tentado suicídio ou tinha algum parente que passou por essa situação. “Muitos tinham alguém na família que tentou ou morreu por suicídio. Uma pessoa contou que viu a mãe se suicidar quando era criança. Ouvimos muitos relatos impactantes”, conta.
As ações de Setembro Amarelo do Viva Rio não ficaram apenas nas unidades. A instituição também publicou nas redes sociais vídeos com depoimentos de funcionários que tentaram tirar a própria vida, mas que superaram essa fase difícil. Além disso, o Voluntariado promoveu uma campanha, a “Mensagens de Afeto”, que incentivou os colaboradores a enviarem recados de carinho e apoio para serem disseminados.
Jônatas Maia, de 27 anos, agente territorial no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Ernesto Nazareth, foi uma das pessoas a contar sua história de superação. Aos 18 anos, após a frustração de não conseguir seguir a carreira profissional dos seus sonhos, na Aeronáutica, teve sua primeira crise de depressão. Com a doença, veio a tentativa de suicídio.
O jovem foi internado, fez todo o acompanhamento médico necessário e conseguiu retomar sua vida. Para Jônatas, o apoio de pessoas próximas é fundamental, não só neste mês, mas em todo o ano.
“Tenham empatia, ajudem, conversem. Observou que seu amigo ou parente está distante e triste? Se aproxime dele, não o deixe sozinho. Meu desejo é que essa reflexão não seja só em setembro, pois em janeiro tem pessoas sofrendo com ansiedade, em fevereiro tem pessoas com depressão, em março há pessoas se matando… Que possamos sempre lembrar de valorizar a vida, a nossa e a do nosso próximo”, finaliza.