A Secretaria Municipal de Saúde irá implementar modelo de desintoxicação alcoólica e redução de danos nas unidades de Saúde da Família da Área Programática (AP) 3.1 em setembro. A região abrange desde Bonsucesso até a Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, e é coadministrada pelo Viva Rio.
Com base no Plano Municipal de Assistência ao Uso Prejudicial de Crack, Álcool e Outras Drogas e na Lei da Reforma Psiquiátrica (10.216/01), a política concretiza alguns pontos da Rede de Atenção Psicossocial proposta pelo Ministério da Saúde em portaria de 2011. A ideia é capacitar equipes de Saúde da Família para o acolhimento de dependentes químicos já na Atenção Primária e firmar parcerias com Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), núcleos de apoio (NASF), consultórios na rua e hospitais.
“A partir da estratégia de redução de danos, poderemos desmitificar certos conceitos relacionados aos usuários de drogas e ampliar o acesso da população à saúde”, contou Maíra Cabral, coordenadora do setor de Drogas e Saúde.
A metodologia começou a ser implantada ao fim de 2012 na Área Programática 3.3 (bairros de Acari a Vista Alegre), também gerida pelo Viva Rio. Seus estudos de caso foram destaques do Ciclo de Debates da Subsecretaria de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde (Subpav), realizado no último dia 7.
O encontro apresentou as experiências dos Centros Municipais de Saúde (CMS) Carlos Cruz Lima e Morro União. O primeiro, localizado no bairro do Colégio, apostou na criação de vínculos entre os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e os usuários que se aglomeravam num ‘barracão’ próximo. De acordo com o gerente do CMS, Carlos Henrique Uzeda, foram necessárias três tentativas de aproximação até que os primeiros pacientes se dirigissem à unidade. A última abordagem contou com um profissional de saúde e um psicólogo do NASF. “Ganhar a confiança é a parte mais difícil. Aos poucos, fomos levando a ideia da Atenção Primária. Realizamos exames básicos, como o de escarro, para a detecção de tuberculose. Às mulheres, explicamos a importância do preventivo”, relatou.
A estratégia do acolhimento também rendeu bons frutos ao CMS Morro União, em Coelho Neto. O gerente da unidade, Ricardo Freire, expôs o caso de uma usuária que, após perder seus seis filhos para o Conselho Tutelar, resolveu pedir ajuda. “Um profissional de saúde já havia visitado a sua casa constatado total falta de higiene. O trabalho de aproximação começou com a equipe incentivando a paciente a fazer uma faxina completa na residência”, contou. Um tempo depois, a jovem foi internada voluntariamente em uma Comunidade Terapêutica por seis meses e largou o vício. “Ela continua sendo acompanhada por uma equipe de Saúde da Família e retomou o contato com as crianças”, disse.