13/01/2023
“A rua como estratégia de sobrevivência: perspectivas e desafios a partir da pandemia da Covid-19” foi o tema da roda de conversa promovida pelo programa Central Viva e o núcleo de Ensino e Pesquisa do Viva Rio, nessa quinta-feira (12), na sede da instituição. O evento foi transmitido ao vivo pelo Youtube. O empobrecimento da população e as dificuldades de atendimento a pessoas em situação de rua no período pandêmico foram alguns dos assuntos abordados no bate-papo.
Marcelo Pedra, pesquisador do Núcleo de Populações em Situações de Vulnerabilidade e Saúde Mental na Atenção Básica (Nupop), Vânia Nogueira, coordenadora técnica do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS AD) Centra Rio, Leandro Teixeira, diretor do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Maria Lina, e Vinicius Fonte, enfermeiro do Consultório na Rua da Área Programática 2.2, foram os convidados para a conversa. Cléo Moraes, coordenador do Central Viva, também compôs a mesa e explicou sobre o programa.
Vânia Nogueira, coordenadora técnica do CAPS AD Centra Rio, que presta assistência a pessoas com agravos do uso de álcool e outras drogas, apontou os desafios enfrentados no trabalho diário durante a pandemia de Covid-19. “Nosso primeiro desafio foi o medo, mas não paralisamos. Tentamos fazer atendimentos por telefone, mas cerca de 45% dos nossos usuários são pessoas em situação de rua, que já tem um celular. Outro desafio foi a suspensão das atividades coletivas, que são a alma do CAPS”, lembra.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam uma estimativa de 281 mil pessoas em situação de rua. Outra pesquisa, realizada pela prefeitura do Rio de Janeiro em 2020, mostrou que emprego (42,8%), moradia (16%) e dinheiro (7,1%) são o que as pessoas precisam para sair das ruas. Essas informações foram trazidas por Marcelo Pedra, do Nupop da Fiocruz Brasília, que em sua fala também apresentou o trabalho feito em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde em abrigos e consultórios na rua.
Além disso, Marcelo apresentou a Revista Traços, vendida pelos Porta-Vozes da Cultura (pessoas em situação de rua), treinados e acompanhados por uma equipe social. O objetivo é criar uma rotina de trabalho e gerar renda. Um dos porta-vozes da cultura, Diego, participou da roda de conversa. Ele esteve em situação de rua por um ano no centro do Rio, hoje está em um abrigo. “Trabalhar vendendo a Revista Traços me trouxe dignidade, visibilidade e renda. Possibilitou minha autonomia, é uma verdadeira transformação social através da cultura”, conta.
Outro ponto levantado pelos convidados foi a importância de lutar por políticas públicas e proteção social para todos. “É essencial o retorno de espaços de construção, discussão e reuniões presenciais para lutar por políticas públicas. Fazer isso é lutar por todos nós”, finaliza Vinicius Fonte, enfermeiro do Consultório na Rua da AP 2.2.