Uma nova etapa da Campanha de Entrega Voluntária de Armas de Fogo e Munições foi lançada pelo Viva Rio e pela Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio, nesta quinta-feira, em comemoração aos 10 anos da participação da sociedade civil no desarmamento voluntário. O objetivo é levar a ação para o interior do Estado, promovendo a capacitação dos oficiais que atuarão nos postos de coletas e da sociedade civil.
Segundo levantamento realizado pelas Policias Militar e Civil, compilados pela coordenadoria dos Conselhos Comunitários de Segurança (CCS), apontaram um aumento de 60% na entrega de armas no ano de 2013, em sua maioria revólveres e pistolas. Coordenador estadual da Campanha de Desarmamento do Viva Rio, Luiz Carlos da Silveira afirma que a proposta é elevar essas porcentagens com a interiorização da campanha. “Queremos que o Rio de Janeiro volte a ser referência no desarmamento civil”.
Em vídeo, o secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame, expressou o seu apoio a essa iniciativa. A autoridade afirmou que a arma de fogo é o grande problema do Estado . “Apoio a campanha por que entendo que as armas têm que está nas mãos das forças de segurança e não em posse da população, pois não é sinônimo de proteção, e sim risco”.
Entre 2004 e 2005, foram recolhidas mais de 560 mil armas de fogo no Brasil. Nos anos seguintes, a campanha foi interrompida e retornou em 2011, após a tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, que deixou 12 mortos e 12 feridos, entre eles uma menina ficou paraplégica.
Três anos depois, a memória do massacre permanece latente na vida do sargento Márcio Alves, primeiro policial a chegar à escola. “Esse episódio marcou os meus 21 anos de corporação. Uma arma tirou vida de inocentes e poderia ter matado mais crianças se não estivéssemos chegado naquele momento”. O oficial disse que Wellington tinha mais 60 munições. “Com certeza ele mataria mais pessoas”.
Os depoimentos dos parentes de vítimas do tiroteio foi exibido durante a cerimônia, através do documentário “Armados”. O encontro também contou com a presença da Conselheira Titular do Conselho de Estado de Direitos Humanos e representante do Grupo “Mães da Cinelândia”, Regina Célia Bordallo; da coordenadora do Conselho Comunitário de Segurança do Instituto de Segurança Pública – CCS/ISP, major Cláudia Moraes; e do superintendente da Secretaria de Segurança de Rezende, subtenente José Antonio dos Santos.
A proposta é que o encontro seja levado para as outras cinco Regiões Integradas de Segurança Pública (RISPs): Rezende (5ª), Duque de Caxias (3ª RISP), Cabo Frio (4ª RISP), Macaé (6ª RISP) e Nova Friburgo (7ª RISP).
(Texto: Flávia Ferreira/Foto: Tamiris Barcellos)