30/9/2016
No Brasil, 30.000 jovens são mortos anualmente. Desses, 77% são negros. Frente a esses dados alarmantes, Marcelle Decothé, representante do núcleo de jovens da Anistia Internacional, apresentou na quinta-feira (29), vídeos da Campanha “Jovem Negro Vivo”, no encontro com alunos do programa de educação Jovem Aprendiz do Viva Rio, na Glória. Além dessa campanha, que foi lançada em 2012, houve debate sobre direitos humanos, racismo e mobilização popular com os alunos.
Gabriel Queiroz, 17, participante do programa de aprendizagem do Viva Rio , disse que ficou impressionado com um dos vídeos exibidos no salão, que mostrou o dia-a-dia de jovens negros moradores de periferia, andando pela cidade com seus corpos invisíveis. Ele, que é morador do Morro do Fogueteiro, em Rio Comprido, disse que já perdeu um amigo, que era seu vizinho e hoje também compõe a estatística de jovens negros mortos. “Às vezes realmente parece que a vida dos negros são invisíveis para a sociedade”, lamentou Gabriel.
A pedagoga do projeto Jovem Aprendiz, Aurelita Vieira, disse que o objetivo do encontro foi promover uma reflexão com os jovens acerca dos seus direitos, incentivando a mobilização para mudar quadros e perspectivas. “Faz parte da metodologia do projeto a promoção do debate e o estímulo ao protagonismo do jovem”, completou Aurelita.
Na parte final do evento, foi proposto ao jovens que se dividissem em grupos de acordo com seus potenciais ou afinidades, pensando em formas de chamar a atenção para a campanha “Jovem Negro Vivo”, estimulando seus potenciais e capacidade de ação. Após apenas 20 minutos divididos em grupos de fotografia, vídeo, redes sociais, texto, música e dança, os jovens apresentaram idéias bem criativas e interessantes acerca do tema proposto.
Marcelle Decothé informou aos jovens que a campanha apresentada é uma ferramenta, mas há muitas outras possíveis do jovem se engajar para chamar a atenção e tentar mudar essa realidade brasileira de violência. “Ainda pior que o alto número de homicído da população jovem, negra e da favela, é a indiferença da sociedade”, alertou Marcelle, que é moradora da Parada de Lucas.
O destino de todos os jovens é viver. E você, se importa?
(Texto: Deborah Athila | Fotos: Vitor Madeira)