2/3/2016
A parceria com o Audax de Osasco, que vai viabilizar a participação dos Pérolas Negras, time sub-20 do Haiti, na série B do Campeonato Carioca, foi anunciada na entrevista coletiva realizada no Viva Rio, na Glória, zona Sul, nesta quarta-feira (02). “A parceria tem tudo para dar certo, agora é só trabalhar”, avaliou Gustavo Teixeira, vice-presidente e diretor executivo do Audax.
Segundo Rubem César Fernandes, diretor executivo do Viva Rio – instituição responsável pela criação da Academia Pérolas Negras em Porto Príncipe, em 2011 –, o desafio para o time participar de campeonatos eram os custos financeiros. “Fomos procurados por Gustavo e seu pai, Mário Teixeira, e agora estamos sonhando acordados”, festejou.
Outro empecilho vencido foi a colaboração do Itamaraty, que se prontificou a fornecer vistos permanentes aos jogadores maiores de 18 anos, superando assim a limitação legal de participação de times estrangeiros no Brasil. “Com isso, os jogadores haitianos passam a ter os mesmos direitos dos brasileiros. Em relação aos menores, porém, ainda há uma discussão”, ponderou Rubem.
Além do técnico Rafael Novaes, oito atletas haitianos participaram da coletiva e exibiram as camisetas – já com as marcas dos Pérolas Negras e do Audax – que vão entrar em campo no jogo do sábado 12 de março, às 13h, a ser disputado contra o Barra Mansa no estádio do time, Leão do Sul, na cidade homônima.
“Acompanhamos a Copinha (Copa São Paulo de Futebol Júnior 2016, realizada no início de janeiro) e ficamos sensibilizados com o que vimos. O Audax foi vice-campeão, já revelamos jogadores como Vitinho (o atacante Victor Vinícius Coelho dos Santos, atualmente no Internacional) e sabemos que os haitianos são potenciais jogadores para buscar o título da série B do campeonato Carioca ”, aposta Gustavo Teixeira.
Busca de oportunidades
Ainda não há uma definição sobre quantos haitianos vão compor o time, mas existe a certeza de que eles serão maioria. “Está estampado no rosto dos meninos que eles buscam oportunidades. Vamos continuar trazendo mais jovens do Haiti, a ideia é um fluxo permanente. Quando eles entram no Brasil, entram no mundo”, acredita Rubem, para quem este é o tipo do projeto que valoriza a relação entre o Brasil e o país caribenho.
“Todos acompanham tragédia e pobreza no Haiti. Mostramos que o país não é só isso: temos um time bem estruturado, podemos competir e, por que não, ganhar”, especula o técnico Rafael Novaes. Depois da Copinha 2016, cinco atletas já foram sondados por grandes times, mas por enquanto a rotina dos Pérolas Negras é continuar treinando no hotel-fazenda Quindins, em Paty do Alferes, no sul fluminense, onde o Viva Rio organiza um Centro de Treinamento (CT) para os jovens haitianos.
Uma coisa é certa: o moral do time está nas alturas. “Quando entramos em campo jogamos para ganhar. O que esperamos? Ser campeões”, afirmou à Sport TV, convicto, a estrela do time, o atacante Fenelon Marchenson.
(Texto: Celina Côrtes|Fotos: Vitor Madeira)