4/12/2015
Os Pérolas desembarcam São Paulo no fim deste mês de dezembro e vêm para ficar. Os jogadores estarão provisoriamente instalados em um Centro de Treinamento (CT) localizado na capital paulista, e formarão uma equipe mesclada com atletas brasileiros para disputar os campeonatos realizados no país. A partir de 2016, todos passarão a fazer parte da competitiva vitrine de atletas que disputam as melhores colocações nos times nacionais e internacionais.
A equipe sub-20 de futebol haitiana dos Pérolas Negras será a única estrangeira a se apresentar na próxima Copa São Paulo de Futebol Júnior. A chamada “Copinha” será realizada entre os dias 2 e 25 de janeiro. Os atletas, com idade média de 18 anos, jogam dia 3 de janeiro, às 14h, no estádio considerado uma reserva moral do futebol de raiz de São Paulo: o Conde Rodolfo Crespi, na Mooca.
A chave dos Pérolas Negras, segundo a Federação Paulista de Futebol (FPF), é a que tem mais “carisma” no campeonato. O anfitrião da Copinha é o Juventus da Mooca, o Moleque Travesso, que não tem conseguido bons resultados. A equipe haitiana enfrenta ainda o São Caetano, que terá torcida presente. O América-MG completa o grupo. O Pérolas, no entanto, deverá contar com o entusiasmo de torcedores, como ocorreu em 2015 em um mata-mata na Javari, com a chegada de curiosos para conhecer o time que tem tudo para ser o queridinho da competição.
Perfil da Academia Pérolas Negras
A Academia Pérolas Negras está localizada na região de Bon Repos, ao norte de Porto Príncipe. O complexo dispõe de quatro campos de futebol, uma piscina, uma área de ginástica e pode acomodar até 110 atletas – meninos e meninas – que lá vivem, estudam e se tornam profissionais de futebol. Os atletas são supervisionadas por uma competente equipe técnica. Formar atletas haitianos, promover os talentos locais em competições internacionais, aumentar a empregabilidade dos técnicos, perpetuar o legado do futebol no Haiti e, acima de tudo, promover a inclusão social e a cidadania a partir do esporte. Estes são os objetivos do Viva Rio com o projeto.
Segundo o diretor executivo do Viva Rio, Rubem César Fernandes, “os jovens ficam de segunda a sábado na Academia. Treinam de manhã e à tarde e fazem cinco refeições por dia”. Ele acrescentou que o Centro de Treinamento começou a ser construído em 2009, mas foi afetado pelo terremoto de 2010. “Recuperamos o trabalho e terminamos as obras em julho de 2011”.
Como se trata de uma equipe amadora, a expectativa é a de que eles consigam atrair a atenção dos clubes brasileiros, recebam oportunidades para jogar no país e, assim, se profissionalizem para viver do esporte. O convite para a participação na Copinha foi concretizado após conversas entre o Viva Rio, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), a Federação do Haiti e a FPF. A intenção da equipe é usar a competição como “vitrine” para os jogadores.
Até hoje, o clube fez três viagens internacionais. Esteve na Noruega em 2013 e no Brasil duas vezes, no ano passado e neste ano, ambas para disputar torneios amadores. O Pérolas Negras tem times a partir de 12 anos, mas não dispõe de uma equipe profissional. Essa é uma das preocupações, já que os atletas que vão jogar a Copinha estão prestes a atingir a idade limite da última categoria (sub-20).
Texto: Celina Côrtes | Foto: Vitor Madeira