6/7/2018
Fundado em 1993 como resposta à violência que assolava o Rio de Janeiro, o Viva Rio sempre teve como um de seus objetivos fazer a ponte entre políticas públicas e a população mais vulnerável. Após 16 anos desenvolvendo projetos em territórios com alto índice de violência no Brasil e no Haiti, a instituição tornou-se uma Organização Social de Saúde (OSS). A mudança trouxe novos desafios e bons resultados para a saúde pública.
“A ampla experiência em comunidades e periferias [reconhecida inclusive pela ONU] credenciou o Viva Rio a assumir a gestão de unidades de saúde em regiões conflagradas, onde o ente público tinha dificuldade em estabelecer seus serviços pela própria condição do lugar”, explica Caroline Caçador, diretora de Compliance.
Em 2010, o Viva assumiu a cogestão de 49 unidades de atenção primária e 198 equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro. No primeiro ano do contrato, as unidades realizaram mais de 1,6 milhão de atendimentos e consultas e acompanharam 624.107 usuários nas zonas Sul e Norte da cidade.
De lá para cá, esses números cresceram significativamente. Somente nos quatro primeiros meses de 2018 foram atendidos 1.433.057 usuários, aumento de 129% se compararmos aos dados de 2010. O ano passado terminou com mais de 5,5 milhões de atendimentos.
Atualmente, o Viva Rio administra 73 unidades de atenção primária e 440 equipes de ESF. A área de maior atuação compreende os bairros de Bonsucesso, Brás de Pina, Complexo do Alemão, Cordovil, Ilha do Governador, Jardim América, Manguinhos, Complexo da Maré, Olaria, Parada de Lucas, Penha Circular, Penha, Ramos e Vigário Geral.
A UPA da Rocinha, sob os cuidados da OSS desde 2011, e do Alemão, desde 2015, fizeram 528.670 e 210.850 atendimentos, respectivamente. Em parceria com o Estado do Rio, a organização também assumiu a gestão das UPAs Ilha do Governador, Maré, Penha, Engenho Novo, Irajá e Gericinó, que já somam 3.574.703 atendimentos nos últimos seis anos. O serviço de SAMU 192 Médio Paraíba, cogerido pelo Viva Rio há dez meses, já realizou quase 16 mil atendimentos.
Em Paraty, a organização é responsável pela gestão do Hospital Municipal São Pedro de Alcântara, que já prestou 203.035 atendimentos e realizou 2.820 cirurgias desde novembro de 2015. Nessa mesma época, o Viva Rio assumiu o Pronto-Socorro Municipal de Pinheiral, chegando a 139.124 atendimentos até maio de 2018.
Diversos estudos demonstram que o modelo de parceria entre OSS e governos na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), quando bem usado, permite que o atendimento à saúde seja mais eficiente e eficaz, produzindo o melhor cuidado individual, coletivo e a otimização dos recursos aplicados à saúde.
“A maior flexibilidade na legislação que rege seus processos operacionais permite que a execução de suas ações sejam realizadas com qualidade, em termo oportuno e com custo viável, trazendo bons resultados para a saúde pública e fortalecendo o SUS”, destaca Ana Schneider, coordenadora de Saúde e Desenvolvimento Social do Viva Rio.
A transformação ocorrida no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, é um exemplo de como o modelo de gestão com OSS pode melhorar a entrega dos serviços à população, em especial de sua maternidade. Antes da entrada do Viva Rio na gestão do hospital, o mau uso desse modelo colocava a maternidade à margem do que pode ser considerada a boa prestação de serviços, sendo avaliada como insuficiente pelo Ministério da Saúde (MS).
Na gestão da OSS, iniciada em dezembro de 2015, foram realizados mais de 280 mil atendimentos e consultas. Diversas melhorias nos processos de trabalho foram implementadas, levando a maternidade do Gazolla a ser avaliada como “muito boa” e ter apresentado o melhor desempenho do Estado do Rio de Janeiro, segundo o MS. Foram alcançados importantes avanços nos critérios de acolhimento em obstetrícia, boas práticas na atenção ao parto e nascimento, monitoramento do cuidado e vigilância da mortalidade materna e neonatal e na gestão participativa e compartilhada. O nível de satisfação das usuárias com o atendimento geral da unidade cresceu de 12% para 87% em menos de um ano.
Viva Rio participa de congresso nacional de OSS
O Viva Rio é uma das OSS associadas ao Instituto Brasileiro de Organizações Sociais de Saúde (IBROSS) e participou do encontro nacional promovido no dia 19 de junho, em Brasília. O evento reuniu representantes de OSS do Brasil inteiro para discutir os desafios no fortalecimento do SUS. Os projetos de Acreditação, Painel de Indicadores e o cenário político e financeiro em que se encontram os contratos das OSS no Estado do Rio foram alguns dos temas abordados.
O IBROSS e a Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura (ABRAOSC) lançaram em maio deste ano o Manifesto OS É Solução em defesa do modelo de gestão pública em parceria com as Organizações Sociais. “Nenhum modelo de gestão de políticas públicas deve estar sob o manto da intocabilidade. É sempre válida a reflexão sobre a forma com que os recursos públicos são alocados. Mas é inegável o avanço que significou a introdução do modelo de parceria público privada na gestão da saúde e da cultura”, cita o manifesto.