8/3/2016
Palestras e troca de ideias em torno do empoderamento feminino marcaram as comemorações no Viva Rio pelo Dia Internacional da Mulher na manhã desta terça-feira (08). A socióloga e psicóloga Cynthia Dorneles fez um histórico sobre o movimento feminista no mundo e a psicóloga Bruna Musumeci falou, sobretudo, da experiência libertadora da concepção.
Um café da manhã seguido de muita reflexão e a distribuição de rosas vermelhas deram o tom do encontro, onde não faltaram “olas” e gestos coletivos de sensualidade pelas mulheres, que representam 72,3% dos funcionários da casa. A necessidade de lutar pela liberação do aborto foi lembrada pela jornalista Renata Rodrigues, fundadora do Mulheres Rodadas, único bloco de carnaval assumidamente feminista.
Em sua palestra, Cynthia Dorneles informou que até 1950 todos os professores da Sorbonne – universidade francesa que sempre simbolizou o pensamento ocidental – eram homens. A hegemonia masculina começou a ser arrombada por Simone de Beuvoir, que teve a ousadia de lançar, em 1949, O Segundo Sexo, verdadeiro escândalo em que uma mulher desponta como filósofa e escritora. “A história da mulher é muito recente, começou a ser estudada antropologicamente na década de 60 nos Estados Unidos e nos anos 70, na França”, sinalizou.
O cerceamento da vida da mulher ganhou força na França após as 1ª e 2ª guerras mundiais, quando o aborto passa a ser considerado crime porque a sociedade precisava de mais soldados para lutar. “Quando a ciência da ginecologia começa a nascer ela só é praticada por homens, mantendo a mulher no papel secundário em que ela permaneceu por tantos anos”, acrescentou.
O dia 8, como data internacional da mulher, foi criado na Dinamarca durante a 2ª Conferência da Internacional das Mulheres Socialistas, em 1910. “Naquela época a decisão foi tomada por cerca de 100 mulheres, hoje são milhões que participam dessa comemoração”, completa Cynthia.
Bruna Musumeci, coordenadora do programa Viva Primeira Infância, quebrou paradigmas ao falar da concepção. Ela lembrou que o orgasmo e o parto segregam o mesmo hormônio, a ocitocina, também chamada de hormônio do amor. “O bebê chega à vida recebendo um coquetel de hormônios do amor e é separado da mãe no hospital, uma verdadeira violência. Temos a potência de viver plenamente o momento do parto”, propôs Bruna, que pariu em sua própria casa.
Ao fim da reunião, que lotou o salão Pablo e Ana do Viva Rio, Caroline Caçador, vice diretora executiva do Viva Rio, fez uma convocação: “Somos maioria e precisamos parar para pensar como queremos ser tratadas!” A proposta vai de encontro ao título do evento: Lugar de mulher é onde ela quiser!
(Texto: Celina Côrtes|Fotos: Amaury Alves)