O primeiro “Mamaço da Maré” reuniu no último sábado (30), na Vila Olímpica, mais de 150 mães, que amamentaram seus filhos em público como forma de incentivar o aleitamento materno. A campanha foi promovida pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria com as unidades de saúde administradas pelo Viva Rio.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, somente 41% dos bebês menores de seis meses são alimentados exclusivamente com leite materno. Para a idealizadora do “mamaço” e técnica da enfermagem do Centro de Saúde Hélio Smith, Zilda dos Santos, o baixo índice deve-se principalmente à falta de orientação em relação ao aleitamento.Ela acredita que as unidades de saúde tem um papel primordial na difusão das técnicas e importância do ato de amamentar.
“O nosso trabalho é mostrar para essas mães os benefícios que o aleitamento pode proporcionar para ela, o bebê e para toda a comunidade, principalmente nos seis primeiros meses de vida”, afirmou.
Entre os benefícios resultantes do aleitamento, destaca a técnica, está o poder de nutrição do leite materno, a prevenção de doenças tanto para a mãe quanto para o bebê, a melhora da estrutura emocional, por meio do vínculo com a mãe, a economia e a sustentabilidade do planeta. Já para a progenitora, a amamentação suaviza a hemorragia após o parto, diminui a incidência de câncer e osteoporose e reduz as medidas de cintura e abdômen.
“O leite é composto por água, proteína, lipídios, vitaminas e minerais e ferro, além de conter propriedades anti-infecciosas e agir no desenvolvimento corporal e cognitivo. Não existe nenhum outro leite que tenha as proteínas contidas no leite materno”, explicou Zilda.
Outra vantagem é a melhora da saúde bucal infantil, como explica a dentista do CMS Hélio Smith, Catharine de Andrade. “A criança que mama no peito desenvolve muito bem as suas arcadas dentárias durante o exercício de sucção. Evitando desenvolver mordida aberta, palato ogival e futuros problemas na fala”. Catharine acrescentou que o aleitamento também possibilita que essa criança respire de uma forma mais adequada. “Ela tem que coordenar a respiração com as mamadas, o que também favorece o crescimento do complexo maxilo-facial”.
Fora os impactos positivos na vida dessas mulheres e bebês, a amamentação também é a realização de um sonho. Mãe do recém-nascido Danilo, Luciana Galdino, de 28 anos, que não conseguia esconder a felicidade por ser a produtora do mais importante alimento de seu filho. “Sei que tudo que ele precisa está no meu peito”.
Luciana é mãe de segunda viagem, mas não pode amamentar seu primeiro filho por complicações no parto. “Ele passou da hora de nascer e ficou 11 dias na UTI, então o meu leite secou”. Para alimentar a criança, Luciana teve que comprar o leite concentrado que é vendido em farmácias e mercado. “Eu tinha que tirar dinheiro de um lugar para conseguir comprar o alimento do meu filho, pois são muito caros e não temos condição”.
Durante o “Mamaço”, foram realizadas palestras educativas sobre os métodos e importância de amamentar. Também foram distribuídos kits com fraldas descartáveis e cangurus – espécie de tecido que a mulher usa para facilitar a amamentação -, além de sorteadas roupas e acessórios de bebê. Em paralelo, o Exército, que ocupou a Maré há alguns meses, se apresentou com sua banda marcial e técnicas de adestramento.
Estiveram envolvidos na ação a coordenadoria da Área Programática 3.1, o Exército, a Clinica da Família Augusto Boal e os Centros de Saúde Hélio Smith, Samora Machel e Nova Holanda.
(Texto: Flávia Ferreira | Foto: Tamiris Barcellos)