23/7/2018
A Chacina da Candelária, um dos episódios mais cruéis da cidade do Rio de Janeiro, completa 25 anos neste 23 de julho. Foi numa noite fria do inverno de 1993, quando mais de 50 crianças e adolescentes dormiam na escadaria da Igreja da Candelária, que cinco policiais desceram de dois carros com placas cobertas e atiraram à queima-roupa. Seis adolescentes e dois jovens adultos, em situação de rua, morreram.
Quatro foram mortos a tiros, na escadaria da Igreja; um foi assassinado ao tentar fugir; outro morreu dias depois em decorrência dos ferimentos; e dois foram levados de carro pelos criminosos até o Aterro do Flamengo, onde foram executados. Três policiais militares foram condenados pela Chacina, dois foram presos e já cumpriram suas penas e um continua foragido. Outros seis suspeitos foram absolvidos, apesar dos fortes indícios de envolvimento.
Da revolta gerada por essa tragédia surgiram movimentos da sociedade civil, como o Viva Rio, que desde então milita pelos direitos humanos e pela instauração de uma cultura de paz. Um dos fundadores e atual diretor-executivo do Viva, Tião Santos, acredita que “lembrar esses fatos, tomando as ruas, é o papel de quem acredita que só dessa forma nos preservaremos para que chacinas não ocorram novamente”.
Wagner dos Santos é um sobrevivente dessa tragédia. Ele tinha 21 anos quando foi acordado, obrigado a entrar em um carro e lá foi baleado quatro vezes. O corpo dele e de outros dois jovens foi abandonado no Aterro do Flamengo, mas Wagner resistiu. A irmã dele, Patrícia de Oliveira Silva, é uma das fundadoras da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência e do movimento Candelária Nunca Mais. “O movimento de familiares é muito forte né, eles também contribuíram muito para que eu fosse essa pessoa que sou hoje em dia”, relata Patrícia no vídeo que a Anistia Internacional divulgou hoje para que esse episódio não caia no esquecimento. O vídeo também pode ser assistido abaixo:
https://www.facebook.com/anistiainternacionalbrasil/videos/2211269725584403/