Cerca de 500 jovens aprendizes exercitaram a consciência social em evento de cuidado na Casa do Idoso Liga Beneficente São João Batista, na sexta-feira (02.10), em Macaé, no nordeste do Rio de Janeiro. A estudante Karine Makachima, 20 anos, mal conseguia conter as lágrimas: “Conheci uma senhora que nem podia se levantar. Ao interagir com ela, disse se sentir linda e feliz, e a gente ainda reclama tanto da vida!”
A energia juvenil parecia contaminar os idosos. Atualmente são 77 pessoas internadas no local, com idades a partir de 60 anos. A mineira Maria Isabel da Natividade, de 75 anos, era só felicidade. Com altura que não chegava a ultrapassar 1,50 m e a coluna formando um “U”, unhas pintadas e enfeitada com os colares e pulseiras que ganhou dos jovens, Natividade desabafou, sem tom de reclamação: “Me sinto abençoada por Deus”, lembrando ainda que a garotada a fazia se lembrar de seus dois netos: “Dá uma saudade…”.
Beuzinha, como é carinhosamente chamada, está no asilo há oito anos e, pelo desabafo, não costuma receber a visita dos parentes próximos, o que deve ser comum entre seus pares. Margarida Vieira da Silveira, coordenadora do asilo, festeja a iniciativa do Viva Rio, que repete as atividades com os internos há seis anos. “Jovens e idosos interagem muito bem, espero que continuem sempre conosco”, afirmou.
A atenção, na realidade, começou com o recolhimento de donativos à instituição com empresas parceiras, como material de limpeza, higiene pessoal, alimentos, etc. Este ano o volume arrecadado era tão grande que foi preciso alugar um caminhão para transportá-lo. “É um projeto de responsabilidade social, criado para botar uma sementinha nestes jovens e sempre acontece na Semana do Idoso”, disse a coordenadora, Regina Gaio.
Alexandre Fernandes, gerente do programa Jovem Aprendiz, lembrou que a proposta é formar jovens não só para o mercado, como para a vida, como cidadãos. “Este tipo de trabalho voluntário ensina muito mais do que qualquer curso e é bonito ver a interação entre os jovens e os idosos”, observou Alexandre, que pretende repetir ações como estas em outros formatos.
Durante todo o dia houve apresentação de música, teatro, distribuição de toalhas, oficinas de beleza, em que os jovens faziam o cabelo, aparavam barbas e pintavam as unhas das idosas, como Belzinha, além de leitura de poesia e até desfiles em tapete vermelho. A matogrossense e cadeirante Joana dos Santos, 86, costureira há três anos interna no asilo, se esbaldou de tanto cantar. “Os jovens são alegria. Ontem quase morri, fui parar na enfermaria e hoje estou aqui, fiquei boa!”, exultava.
O programa Jovem Aprendiz desenvolvido pelo Viva Rio é resultado da lei federal (10.097/2000), pela qual empresas de médio e grande porte são obrigadas a contratar um mínimo equivalente a 5% e máximo de 15% de jovens de 14 a 24 anos em seu quadro de funcionários. Eles são capacitados na parte teórica pela instituição, enquanto a prática ocorre nas empresas.
Karine Makachima, por exemplo, acaba de terminar suas quatro semanas de capacitação. Com ensino médio concluído, pretende estudar Direito em 2016 e começa nesta semana a trabalhar em uma empresa de petróleo, em Macaé. “Estou muito animada”, concluiu.
(Texto: Celina Côrtes|Fotos: Vitor Madeira)