Os antigos já viam no humor uma poderosa arma para superar osacontecimentos ruins. Os haitianos acreditam nesse princípio e com base nele foi criada a companhia de teatro Les Rescapés (Os Sobreviventes), que está no Rio de Janeiro para gravar uma série de programas com o tema Copa do Mundo, que acontece entre 12 de junho e 13 de julho, no Brasil. O grupo participou de entrevista coletiva na sede do Viva Rio, nesta sexta-feira.
Os programas produzidos serão exibidos no Haiti, Canadá e Estados Unidos. Produtor do projeto, Thomas Noreille explicou que a ideia é aproveitar a Copa para discutir questões como redução da violência, religião, música, deficiência física, cultura e esporte. “O Haiti e Brasil são nações irmãs. Quando a seleção brasileira joga os haitianos vibram e quando há gol do Brasil há festa no Haiti”, disse.
O grupo surgiu em 2007, antes mesmo do país caribenho ser atingido pelo terremoto, com a produção de curtas burlescos, estilo Mr. Bean. Depois do abalo sísmico, os elevados números de mortes e perdas materiais, inclusive dos atores da companhia, fizeram com novos rumos fossem pensados. “Decidimos que era o momento de reacender a esperança daquela população. Foi uma terapia coletiva para todos nós, pois quando os haitianos foram receptivos ao nosso projeto, eles nos devolveram um pouco da alegria de viver”, disse Thomas.
Durante o evento também foram lembrados os 10 anos de atuação da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Diretor do Centro de Informação da ONU para o Brasil (UNIC Rio), Giancarlo Summa afirmou que ainda não é certo o futuro das tropas de paz no Haiti.
“Tudo indica que haverá uma redução de contingente, mas isso será decidido de fato somente em outubro. Estamos preparando a Policia Nacional do Haiti para que essa diminuição não implique na estabilidade do país”, disse Summa.
O Diretor executivo do Viva Rio, instituição que há uma década atua no país caribenho, Rubem César Fernandes acredita que as tropas brasileiras serão as últimas a sair. “Primeiro pelo comando-geral, que é brasileiro e segundo por nossas tropas estarem em locais estratégicos”.
Desde 2004, o Viva Rio, a convite da ONU, participa de uma missão de paz no Haiti, país mais pobre das Américas. Em 2007, passou a atuar mais ativamente no bairro de Bel Air, em Porto Príncipe, expandindo depois suas atividades para Bon Repos e Arcahaie. A instituição promoveu a assinatura de seis acordos de paz entre grupos rivais e desenvolve programas nas áreas de segurança, educação, saúde, meio ambiente, cultura e esporte.
(Texto: Flávia Ferreira/Foto: Tamiris Barcellos)