Haiti Aqui promove roda de conversa com mulheres imigrantes sobre saúde e autocuidado
14/03/2023
O projeto “Rota de Direitos”, do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ), atendeu 150 pessoas refugiadas, solicitantes de refúgio e imigrantes que vivem no Estado do Rio, no último sábado (11). O Haiti Aqui, do Viva Rio, esteve presente no evento e promoveu uma roda de conversa com o tema “Migração, saúde e cultura: o que as mulheres imigrantes têm a dizer sobre autocuidado”.
A ação aconteceu no Clube do Servidor Municipal, na Cidade Nova. Defensores públicos e representantes de outros órgãos do Governo do Estado e da Prefeitura do Rio estiveram no local para oferecer assistência jurídica, apoio à documentação, orientação sobre refúgio, inserção em cadastro de emprego, encaminhamento para matrícula escolar, inclusão no programa de restabelecimento de vínculos familiares, além de demandas de acesso à saúde.
No bate-papo promovido pelo Haiti Aqui sobre saúde e autocuidado, cerca de 25 mulheres imigrantes participaram, principalmente venezuelanas e colombianas. “Essa roda foi diferente das outras atividades da ‘Rota de Direitos’. Como psicóloga, entendo que é importante esses espaços de escuta atenta e qualificada onde, inclusive, elas possam escutar umas às outras. Identificamos a necessidade e carência de acolhimento para além dos serviços de atendimento jurídico, assistência social, saúde e educação. Foi uma troca muito rica e potente”, conta Jacilea da Silva Santos, psicóloga do projeto.
Dentre os muitos relatos, está o de uma imigrante venezuelana. Ela conta que chegou ao Brasil pelas fronteiras do norte, mas ao passar pelo processo de interiorização (quando imigrantes são enviados a outros Estados) veio para o Rio de Janeiro. “Ao chegar ao Morro do Banco, na Zona Oeste, me senti em casa. Como uma mulher negra, me identifiquei com o lugar e as pessoas. Agradeço muito ao Rio de Janeiro por ser um lugar acolhedor. Também sou grata por ter acesso à saúde gratuita e por meus filhos poderem estudar gratuitamente”, relata com gratidão.
Isabel Macedo dos Santos, que integra a equipe do Haiti Aqui, conta que mais de 80 mulheres estiveram reunidas no evento, um número alto considerando que geralmente nesses espaços a presença de homens é maior. Isso se dá devido ao aumento da imigração feminina no país.
“Segundo os últimos relatórios do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), a feminização da imigração é um fenômeno que tem crescido no Brasil, considerando especialmente mulheres responsáveis pela família e mães solo. Então, é fundamental ter espaços em que possam trocar ideias e informações sobre o que sabem por saúde e autocuidado, além de entender o papel que exercem na família e na manutenção das casas. Cuidar da sua vaidade e construir laços de amizade com outras mulheres fortalece suas vivências e trajetórias migrantes”, finaliza Isabel.
O Haiti Aqui disponibilizou uma van, saindo do bairro de Copacabana (próximo do Morro da Babilônia), para levar 15 mulheres e 5 crianças para o evento da “Rota de Direitos” e levá-los de volta.
O projeto “Rota de Direitos”, desenvolvido em parceria com secretarias estaduais e municipais e entidades do terceiro setor, tem por finalidade estabelecer uma atuação conjunta, intersetorial e interinstitucional para o atendimento às pessoas em situação de migração e refúgio.