Favela tem Memória ganha exposição no metrô

23/2/2016

Assim como as aldeias indígenas não dispõem de registros sobre sua história, a não ser por estudos de alguns antropólogos, o mesmo ocorre com as favelas cariocas. O Viva Rio, porém, trabalha desde o início do segundo milênio para levantar essas informações, que agora tomam corpo na exposição Favela tem Memória, a ser inaugurada na próxima segunda-feira (29), na estação Pavuna do MetrôRio.

O projeto, uma parceria do MetrôRio e Instituto Invepar, coordenado por Fabiano Monteiro, do Viva Rio, vai exibir 288 fotos de momentos registrados em diversas épocas pelos moradores dos morros da Providência, Santo Antônio, Salgueiro, Mangueira, Chapadão, Pedreira, Parque Acari, Colégio, Borel, São Carlos e Mineira, com seus respectivos depoimentos. “A perspectiva não era apenas manter viva a memória dessas comunidades através de seus moradores mais antigos, mas, principalmente, observar o passado para refletir sobre o presente a fim de transformar o futuro, o que nos levou a envolver também os mais jovens no projeto narrativo”, explica Fabiano, doutor em Antropologia Cultural.

O acervo histórico está dividido em 87 imagens clicadas e editadas por Walter Mesquita e Lucas Almeida, além de 141 fotos do acervo do Correio da Manhã, um dos mais importantes jornais brasileiros, que circulou no Rio de Janeiro de 1901 a 1974.

Acari

Imagem da favela de Acari, comunidade horizontal da zona Norte|Foto: Lucas Almeida

O projeto Favela tem Memória, iniciado entre 2003 e 2004, entrevistava moradores das comunidades e também explorava o favelês, espécie de dialeto usado pelos moradores. Foi retomado em junho de 2015 e concluído em dezembro, com edição de imagens de Walter Mesquita e Lucas Almeida, fotos de Amaury Alves e entrevistas da estagiária Thaís Cavalcante.

Providência

Um close do teleférico que circula no Morro da Providência | Foto: Amaury Alves

Entre aqueles que considera os melhores momentos das 12 comunidades inseridas na etapa atual, Lucas lembra do depoimento de Dona Dorinha, do Salgueiro. “Seu pai introduziu na favela o caxambu, quando o lugar ainda não era nada. Trata-se de um instrumento que reverencia os ancestrais, através do canto e da dança”, aponta.

A exposição começa pela estação Pavuna, na zona Norte, entre 29/02 e 08/03. Em seguida, irá para a estação General Osório, na zona Sul, de 09/03 a 18/03. Nas duas estações, exceto nos fins de semana, o usuário poderá conferir o espaço das 9h às 18h.

Mineira3

Menino observa o Morro da Mineira de sua bicicleta | Foto: Lucas Almeida

O projeto interativo inclui  acervo fotográfico, histórico e audiovisual, que mostra as transformações dos estilos de vida e da paisagem urbana das comunidades com o passar dos anos. Acesse o site: www.favelatemmemoria.com.br

Todas essas informações estarão disponíveis em uma central multimídia para os visitantes acessarem uma linha do tempo, onde o passado, o presente e o futuro estarão conectados. Um jogo da memória é o aspecto lúdico do projeto. O público terá uma experiência antropológica e sociológica intensa ao visitar a exposição.

(Texto Celina Côrtes|Fotos Lucas Almeida)

 

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