21/12/2015
O drama das Mães do Hospital de Acari impactou o café da manhã realizado nesta segunda-feira (21) pelo Viva Rio no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla. O evento marcou a co-gestão da unidade de saúde pela instituição, iniciada em 15 de dezembro. As mulheres ouviram a promessa do novo diretor-geral, José Perrota: “Vamos fazer a maternidade ser referência”.
O novo diretor geral do Hospital Ronaldo Gazolla, José Perrota|Foto: Vitor Madeira
O bebê da sobrinha de Samanta Oliveira, 40 anos, faleceu no hospital logo após o nascimento e foi de Samantha a iniciativa de criar a página Mães do Hospital de Acari, em 2014, no mesmo ano do falecimento, hoje com mais de 600 participantes. “Ela entrou aqui para dar à luz, e seu filho saiu no caixão. Não queremos mais ser negligenciadas, não queremos enterrar nossos filhos”, fulminou Samantha.
Samantha Oliveira criou a página Mães de Hospital de Acari em 2014 | Foto: Vitor Madeira
O evento começou em clima de grande confraternização à mesa do café da manhã do auditório lotado.”Fizemos um contrato prorrogável de 180 dias para botar a casa em ordem. Por enquanto estamos avaliando as deficiências para fazer a engrenagem funcionar”, antecipou Perrota.
O auditório do Hospital Ronaldo Gazolla ficou lotado durante o evento|Foto: Vitor Madeira
Uma das primeiras tarefas é reestruturar o RH e os 858 funcionários da casa já começam a ser contratados. “Haverá uma revisão de caso a caso, pessoa por pessoa”, esclareceu o diretor executivo do Viva Rio, Rubem César Fernandes, referindo-se, sobretudo, aos médicos responsabilizados pelas mães pela morte de seus bebês. A gerente de Gestão de Pessoas do Viva Rio, Savana Pressi, observou que há possibilidade de ampliação do quadro funcional “porque há vagas em aberto.”
Rubem César (no centro), ao lado de Seu Amaro, do Conselho do Viva Rio|Foto: Vitor Madeira
Savana Pressi vê possibilidade de ampliação do quadro funcional | Foto: Vitor Madeira
Inaugurado em 2003, além da maternidade, o Hospital Raul Gazolla dispõe de clínica médica, centro de cirurgia-geral, UTI de neonatologia (para recém-nascidos), ambulatório de especialidades como gastroenterologia, nefrologia e cardiologia, entre outras, e de uma ala destinada aos pacientes de saúde mental. Oferece ainda, a gestantes, o Projeto Cegonha, com orientação e kit maternidade, uma bolsa com roupinhas, toalha e manta para o bebê. Ao falar para o auditório, Rubem César garantiu: “Justiça na condução do hospital, acabando com os privilégios”.
Rubem César Fernandes prometeu o fim dos privilégios | Foto: Vitor Madeira
Olho no olho
O diretor médico Marcelo Tavares lembrou que é fundamental para o Viva Rio “o olho no olho, a humanização do processo” e convidou os moradores e lideranças presentes a formar comissões que representem as demandas gerais. O coordenador da Ouvidoria da instituição, Maurício de Castro, acrescentou: “Vamos ouvir e acolher os usuários, uma escuta que possa fazer a diferença para subsidiar a gestão”.
Marcelo Tavares prometeu olho no olho para melhorar o atendimento|Foto: Vitor Madeira
Coordenadora da Rede de Desenvolvimento do Viva Rio, Daiana Albino informou que serão escutadas as demandas dos funcionários para que estes possam melhorar a qualidade do atendimento. Já a coordenadora do projeto Viva Primeira Infância, Bruna Soares, falou do cuidado especial dedicado às crianças de 0 a 3 anos para garantir um desenvolvimento saudável. E a coordenadora do Voluntariado, Cibele Dias, convidou todos a participarem da rede solidária do Viva Rio.
Lideranças presentes ao café da manhã expuseram suas principais demandas e se dispuseram a continuar participando desta nova etapa do Hospital Ronaldo Gazolla, a fim de contribuir para que sejam atingidos os melhores resultados.
(Texto: Celina Côrtes | Foto: Vitor Madeira)