O web documentário “Dona Silvia, a rainha das quentinhas no Alemão”, produzido pelo Viva Favela – projeto de jornalismo colaborativo do Viva Rio -, foi o grande campeão do “1⁰ Cine-Favela Festival: a Favela e os 450 anos do Rio de Janeiro”, realizado entre os dias 10 e 19 de junho, na Rocinha. O curta, que conta a história de Dona Silvia, moradora do Complexo do Alemão famosa por vender quentinhas a dois reais, não foi sucesso apenas nas criticas do festival. No Youtube, a produção já conta com mais de 11 mil visualizações.
Prêmio recebido pelo Viva Favela no 1⁰ Cine-Favela Festival| Foto: Vitor Madeira
Roteirizado e dirigido pela estagiária de jornalismo Deborah Athila, o curta foi filmado em 2014 com o auxílio do fotógrafo e correspondente comunitário Rodrigues Moura, que a ajudava em outra pauta no Alemão quando sugeriu à repórter almoçar a quentinha de Dona Silvia. Depois de se deliciar com a refeição, Deborah viu ali a oportunidade de contar a história desta personagem singular dentro do Complexo.
Emocionada, a jovem repórter conta que esse, sem dúvida, foi um dos trabalhos que mais gostou de fazer. “A Dona Silvia é uma inspiração. Fiquei encantada com a sua generosidade, simplicidade, amor e com sua preocupação com os moradores da comunidade. Sinto que ela inspira cada pessoa que assiste ao vídeo”, acredita.
Equipe do Viva Favela comemora o reconhecimento | Foto: Amaury Alves
O fotógrafo Vitor Madeira foi o responsável pelas filmagens, junto com as fotógrafas Tamiris Barcellos e Roberta Machado, que contribuíram nas imagens de apoio e captação de som. Madeira ficou animado com o resultado do concurso. “Não esperava receber esse prêmio, fiquei muito feliz com o resultado. Tenho cada vez mais certeza de que fiz a escolha certa ao largar uma carreira de 15 anos como tatuador para investir na fotografia”, comenta. Madeira também foi responsável pela direção de fotografia e edição das imagens.
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Saiba mais sobre os outros documentários do projeto, que foram selecionados para o festival
Coordenador do Viva Favela, Carlos Costa, lembra que o prêmio é um passo importante para a nova fase do projeto. “Esse reconhecimento marca uma retomada do Viva Favela, destacando o que ele tem de mais substancial, que é o protagonismo dos mais jovens aprendendo e produzindo com os menos jovens. Isso também significa o estreitamento dos nossos laços com as questões da cultura e da favela”, afirma.
Além do web documentário “Dona Silvia, a rainha das quentinhas no Alemão“, outras quatro produções audiovisuais foram exibidas no festival. O longa metragem “Viva Favela, um documentário em construção”; três curtas da série Peri[feras] Musicais, de 2011, Sistah C, Grandmaster Raphael e Antares Jazz Big Band; e a animação “Ed, o Mosquito”. As produções foram criadas para refletir sobre a importância das favelas e periferias no cotidiano da cidade em diferentes perspectivas, além de mostrar a cultura dessas regiões em seus mais diversos níveis.
Para a cineasta e uma das curadoras do evento, Fabiana Melo,“assistir aos filmes, pensar e conhecer a respeito das favelas do Brasil imprime em mim cada vez mais a certeza de que existe possibilidade de mudança para este mundo. Ela está na trajetória, nos caminhos e nos lugares onde menos esperamos. Tenho chorado, rido, me revoltado e tudo isto tem me feito reviver a favela que mora em mim”, avalia.
Em sentido horário: Sistah C, Antares Jazz Big Band, Grandmaster Raphael e frame do documentário do Viva Favela
A “rainha das quentinhas” concorreu com outras 20 produções audiovisuais. A premiação aconteceu no sábado, dia 20, na Praça Aílton Rosa, na parte baixa da Rocinha.
(Texto: Debora Pio e Flávia Ferreira |Fotos: Vitor Madeira e Amaury Alves )