Dia de Combate à Tuberculose: Conheça as atividades da Atenção Primária Prisional

O risco de contrair tuberculose dentro do sistema prisional é 30 vezes maior 

 

Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2022 o Rio de Janeiro registrou uma taxa de incidência de 68,6 casos de tuberculose a cada 100 mil habitantes, a terceira maior do país. O estado também enfrenta alta taxa de mortalidade para a doença, com um coeficiente de cinco óbitos por 100 mil habitantes. O Dia Nacional de Combate à Tuberculose, celebrado nesta sexta-feira (17), reforça a importância de ações de prevenção e cuidados com a doença, que afeta milhares de pessoas todos os anos. 

Embora seja uma doença antiga, que tem tratamento e cura, a tuberculose ainda continua sendo um desafio para a saúde pública, principalmente em áreas de pobreza e vulnerabilidade, como os presídios. Segundo um estudo feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a chance de contrair tuberculose dentro do sistema prisional é 30 vezes maior do que a observada na população em liberdade. 

Com a chegada de equipes de atenção primária nos presídios do município Rio de Janeiro, em setembro do ano passado, o trabalho de cuidado e prevenção da tuberculose tem sido mais eficaz. Os ambulatórios instalados nas unidades prisionais permitem a realização de exames, ampliando o número de diagnóstico da doença, além de permitir o acompanhamento do tratamento. 

De acordo com dados do Sistema de Notificação (Sinan), em 2023, de janeiro a setembro, foram registrados 962 casos de suspeita de tuberculose nas 29 unidades prisionais do município, com confirmação laboratorial de mais de 70%. Ou seja, os casos são comprovados através da realização de exames que atestam o diagnóstico. 

Atualmente, há 649 pessoas privadas de liberdade em tratamento contra a doença e 129 foram curados até setembro deste ano, o que representa 74,14% do total de tratamentos encerrados. A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta principalmente os pulmões, mas que também pode acometer outros órgãos. 

Julia Comonian, sanitarista da atenção primária prisional, reforça que a chegada das equipes multidisciplinares em todas as unidades foi primordial para o avanço no combate à tuberculose dentro dos presídios. “Passamos a não só identificar melhor os casos, mas também qualificamos nosso atendimento. Hoje conseguimos confirmar que de fato esses casos são tuberculose e não outra doença respiratória”, conta. 

Nas unidades prisionais existe um plano de ação onde são realizadas buscas ativas, feitas através de mutirões e visitas periódicas às celas para identificar se alguém apresenta sintomas, preenchimento de prontuário eletrônico com a condição de saúde dos privados de liberdade, ações de diminuição do abandono do tratamento, além do rastreio de novos ingressos no sistema, que já podem estar com a doença antes de chegar ao presídio. 

Para Fábio Araújo, gerente de nove unidades prisionais, o trabalho de educação e orientação tem sido fator primordial no aumento de diagnósticos e aceitação do tratamento. “Aos poucos estamos conseguindo aumentar a conscientização das pessoas privadas de liberdade, pois ainda existem barreiras, muitos que se negam a fazer o exame, além da rejeição dos companheiros de cela ao descobrirem que um deles está com a doença. Por isso, temos feito atividades educativas para aumentar o acesso à informação, desmistificar a tuberculose e alertar quanto às consequência de não realizar o tratamento corretamente”, explica o enfermeiro. 

A Atenção Primária Prisional conta uma equipe formada por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, cirurgião-dentista, auxiliar de saúde bucal, farmacêutico, psicólogo e psiquiatra, que atuam em ambulatórios instalados nas unidades prisionais.

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