Clínicas da Família são essenciais para diagnóstico e tratamento adequado
Agente comunitária de saúde, Cátia Maia, em visita domiciliar a Cristiano dos Santos
24/03/2023
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) apontam 9.761 casos de tuberculose no município do Rio de Janeiro em 2022, o que apresenta um aumento de 3,48% comparado ao ano anterior, em que foram registrados 9.432 pacientes com a doença. As Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde são fundamentais na luta contra a tuberculose, que ainda acomete milhares de pessoas todos os anos.
O Dia Mundial de Combate à Tuberculose (24) marca a importância dos profissionais de saúde das unidades básicas, que auxiliam na descoberta da doença e no tratamento, garantindo que seja feito corretamente. Um dos pacientes assistidos é Cristiano dos Santos, de 43 anos. Ele é acompanhado pela Clínica da Família Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecida como Cazuza, que fica em Guaratiba. A unidade é administrada pelo Viva Rio em cogestão com a prefeitura.
Nesta data, no ano passado, Cristiano estava em tratamento, mas hoje já concluiu e está totalmente recuperado. “Estou me sentindo muito bem, graças a Deus. Sou muito grato à equipe da Clínica da Família e à Cátia [agente comunitária de saúde que o acompanhou] que me ajudou muito. A equipe ia sempre em minha casa, fui muito bem tratado”, conta Cristiano, feliz de poder voltar aos seus trabalhos como pedreiro.
O tratamento de Cristiano durou cerca de 9 meses, em julho de 2022 ele recebeu alta por cura. Essa foi a terceira vez que ele começou a se tratar da doença. Por causa de uma hepatite medicamentosa, ele precisou interromper o tratamento, mas retornou e concluiu, seguindo orientações de um pneumologista.
Cátia Maia, agente comunitária de saúde na Clínica da Família Cazuza, foi quem acompanhou todo o tratamento de Cristiano. Ela conta que, por ser um paciente em vulnerabilidade social, ele precisou ser assistido mais de perto. “Quando eu o encontrei, ele estava extremamente debilitado e não obedecia ordens médicas. Então tomei a iniciativa de acompanhá-lo no atendimento. Ia com ele em exames e consultas, especialmente ao pneumologista para saber como ele estava reagindo aos medicamentos”.
Algum tempo depois, Cátia conta que ele ficou mais independente e responsável em seu tratamento. “Quando percebi que ele tinha aderido ao tratamento e estava colaborativo, eu comecei a fazer uma troca com ele: um dia eu ia até a casa dele, no outro ele vinha até a Clínica. Mesma coisa com consultas, em um dia o acompanhava, em outros já ia sozinho”.
Na Área Programática 5.2, que compreende os bairros da Zona Oeste do Rio, como Campo Grande, Guaratiba, Cosmos e Santíssimo, foram registrados pelo Sinan 641 casos da doença em 2022, 4% a mais que em 2021, quando foram 615.
Sintomas e tratamento da tuberculose
Os sintomas mais comuns da tuberculose são: tosse com duração de pelo menos duas semanas, febre noturna, sudorese noturna e emagrecimento, de acordo com a enfermeira e gerente da unidade, Mayara Karla da Silva.
Em geral, o tratamento é feito em seis meses, mas pacientes diabéticos e que têm HIV se medicam por nove meses. Caso o indivíduo abandone o tratamento, o tempo pode ser ainda maior e durar um ano. Por isso, Mayara aponta a importância de não interromper a medicação e seguir todas as orientações médicas.
“Em casos de abandono, a doença pode voltar mais forte e o tratamento feito anteriormente pode não servir, tendo que fazer um novo, mais específico e por um período mais longo. E também pode levar à morte”, enfatiza.