Curso de “Vivência em joias de miçangas” oferece oportunidade de empreendedorismo para mulheres 

Alunas produzindo brincos feitos de miçangas

 

Estimular o aprendizado e o empreendedorismo foram os principais objetivos do curso “Vivência em joias de miçangas”, promovido pelo Núcleo de Desenvolvimento Social do Viva Rio com o apoio da Fundação Laço Rosa, voltado para mulheres das comunidades do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho. Totalmente gratuita, a capacitação teve duração de cerca de dois meses, de junho a agosto. 

As participantes, a maioria idosas, aprenderam a confeccionar brincos com miçangas e receberam instruções sobre empreendedorismo, que incluíram precificação das peças e marketing digital. A proposta é que os aprendizados sejam uma fonte de geração de renda para essas mulheres. Na última quarta-feira (28), aconteceu o encerramento do curso, com uma cerimônia no teatro Amaro Domingues, na sede do Viva Rio, em Ipanema. Os brincos produzidos nas aulas serão doados para pacientes oncológicas, atendidas pela Fundação Laço Rosa. 

Vanessa Hortta, especialista em joias de miçangas, foi quem ministrou as aulas de artesanato e empreendedorismo, e o professor Alan Pires, da Estação Futuro, do Viva Rio, conduziu a aula de marketing. 

“Ensinei para as alunas, que aprenderam do zero, mesmo sem habilidade com desenho e agulha, a desenvolver a base de brinco através de tecido e miçanga, utilizando minha técnica própria. Também ensinei a teoria dos materiais, a importância dos fornecedores, empreendedorismo, passei noção de precificação, diferença de preço e valor, métodos para cortar tecido, colar, fazer pontos de bordado de modo que a miçanga não solte, etc. Elas entenderam como as peças nascem, aquelas que elas vêem na TV e nas lojas”, detalhou Vanessa Hortta, orientadora da faculdade Senai Cetiqt e professora na organização social Rede Postinho do Cantagalo. 

Vanessa Hortta e as alunas  que receberam certificado de conclusão na cerimônia de encerramento 

 

Antônia Soares, presidente e cofundadora do Museu de Favela (MUF) do Cantagalo, foi uma das participantes da capacitação. “Sou artesã, já tenho uma certa habilidade com as mãos e trabalho com miçangas em meus artesanatos. Mas aqui aprendi uma técnica diferente, de como deixar a miçanga direitinha, às vezes eu colocava e elas ficavam meio longe uma da outra. No curso eu aprimorei essa prática, achei muito válido. Temos que abraçar as oportunidades que vêm para a comunidade. O que aprendemos no curso pode ser uma fonte de geração de renda, mas ainda que não seja, pelo menos temos a satisfação de aprender e saber fazer”, comenta.  

Lorena Araujo, assistente social do Núcleo de Desenvolvimento Social do Viva Rio, que esteve à frente da organização do “Vivência em joias de miçangas”, reforça a proposta de empreendedorismo da capacitação, que também serve para levantar a autoestima das participantes. 

“Oferecemos a chance de mulheres terem acesso a um aprendizado onde pudessem colocar seu talento e sua individualidade, e que no futuro isso desse a elas a possibilidade de alavancamento social, de empreender e buscar novos rumos, voar um pouco mais alto. Estamos com a ideia de fazer mais cursos, tanto de artesanato como de outras áreas”, comenta. 

Para participar do curso, não foi exigido grau de escolaridade e não houve limite de idade, o que amplia o alcance. “Sempre tive vontade de ser artesã, aprendi muito com a Vanessa, é uma professora preparada. Achei o curso muito bom, porque não era voltado só para jovens, eu tenho 59 anos e pude participar. Nem sempre são abertas vagas para mulheres mais velhas, o que é errado, pois também precisamos aprender coisas novas e nos desenvolver. Agradeço ao Viva Rio, ao Laço Rosa e à professora pela oportunidade”, relata a aluna Antônia de Maria Bezerra. 

Vanessa Hortta foi voluntária na capacitação e acredita na força do empreendedorismo atrelada ao artesanato. “Ter uma perspectiva de vida salva as pessoas. Vemos hoje, principalmente pós-pandemia, muitos entrando em depressão por não terem como sustentar suas famílias. E eu entendo que o empreendedorismo é capaz de movimentar e transformar vidas. Além disso, o artesanato faz ressurgir a autoestima da pessoa que produz, porque está vendendo algo que saiu das mãos dela. Então, além da pessoa ganhar dinheiro com aquilo, ela ainda fica orgulhosa que foi ela quem fez. Esse é o meu maior desejo: unir o empreendedorismo ao artesanato”, finaliza. 

Confira abaixo as fotos da formatura de encerramento do curso.

 

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