Cuidado e inclusão foram temas do WONCA

O maior congresso de Medicina da Família e Comunidade do mundo também abordou  o cuidado com os profissionais de saúde e a necessidade de inclusão social das pessoas com deficiência.  Em uma das apresentações, na sexta-feira (4), o projeto Cuidando de quem cuida – Uma Política Institucional de Atenção, do Viva Rio, mostrou a importância do zelo com aqueles que tanto se dedicam à saúde alheia.

Após falar da fundação do Viva Rio – como consequência da indignação contra a violência -,  a coordenadora do projeto Cuidando de quem cuida e da Rede, Daiana Albino, esclareceu como as ações da instituição passaram a focar na Saúde e como elas contribuem para a reorganização da atenção básica, através da Estratégia Saúde da Família (ESF). O Viva Rio passou a atuar nessa área por meio da parceria com as secretarias de saúde municipal e estadual, firmada em 2009.

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Daiana Albino acredita que a escuta e a reflexão são essenciais no trabalho. | Foto: Amaury Alves

“Nossa proposta busca desenvolver ações que valorizem os profissionais, favoreçam a educação emocional e gerem suporte nos ambientes de trabalho”,  justificou Daiana, que também é enfermeira. O caminho para o sucesso do projeto envolve ainda a escuta nos espaços de reflexão e a convivência entre os colaboradores.

As reuniões do Colegiado Gestor também foram citadas na apresentação. Os encontros entre gestores, profissionais, usuários da rede de saúde e líderes comunitários buscam discutir soluções em conjunto, que beneficiem a troca de experiências, a interação entre a unidade de saúde e a população em seu entorno. “Escutar os colaboradores também é uma das nossas ferramentas. Não dá para falar de saúde sem falar de quem cuida”, completou.No mesmo dia, o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz , falou sobre a reforma da Atenção Primária à Saúde (APS) no Município do Rio de Janeiro. Soranz destacou que as Clínicas da Família são unidades desenhadas para induzir o melhor desempenho, por meio da atenção primária. “O modelo atual do programa  Estratégia Saúde da Família garante uma cobertura de 55% da população carioca, com previsão de atingir 70% até o final deste ano”, contabilizou. Em países desenvolvidos, a média de cobertura é de 80%.

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Muitas pessoas circularam pelo estande do Viva Rio. | Foto: Amaury Alves

No sábado (05), Raphael Esteves apresentou o programa Viva Rio Eficiente, que trabalha com a inclusão social das Pessoas com Deficiência (PCD), e destacou seu papel na atenção primária de saúde. O gerente do projeto apresentou as diversas vertentes do programa, que atua no âmbito da qualificação profissional da pessoa com deficiência, na inserção no mercado de trabalho, na participação em eventos culturais, em atividades esportivas em parceria com a Academia Carioca, e também em oficinas de artesanato inclusivas presentes em diversas Clínicas da Família.

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Raphael Esteves palestrou sobre o Viva Rio Eficiente. | Foto: Tamiris Barcellos

Além disso, também foi apresentado o novo projeto de adaptações domiciliares do Viva Rio Eficiente, que nivela o piso das casas, colocando rampas e tornando os banheiros, principalmente, mais acessíveis. Ele destacou o diferencial do Viva Rio, que trabalha o tema da inclusão das pessoas com deficiência em áreas vulneráveis, onde muitas vezes já há uma grande negação de direitos e oportunidades essenciais a estes cidadãos. “Palestrar nessa conferência é uma oportunidade excelente de sensibilizar os profissionais para tornar cada vez mais acolhedora a estratégia de saúde da família”, enfatizou Raphael.

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Ato questionou as barreiras raciais e sociais que ainda existem na saúde. | Foto: Tamiris Barcellos

No final do dia, no sábado,  Daiana Albino, do Viva Rio, participou de um ato com médicos e outros profissionais de saúde negros, onde debateram a escassez de espaços debatendo a questão racial nas universidades e na produção de conteúdo científicos, por exemplo. O objetivo da manifestação foi incentivar a implementação de iniciativas, discursos e ações que dêem visibilidade às demandas, necessidades e particularidades de toda comunidade africana e afrodescendente nos países.

Durante cinco dias, cinco mil congressistas desfrutaram de uma rica programação científica e cultural do WONCA, que terminou no domingo (6).

(Texto:Vivian Guimarães e Deborah Athila| Fotos: Amaury Alves e Tamiris Barcellos)

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