O Viva Rio, através do projeto Haiti Aqui, em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos SEDSODH, o projeto Ação Integrada e a Cáritas, promoveu a capacitação “Redes de combate: enfrentamento ao tráfico de pessoas e ao trabalho escravo” na última terça-feira (28). O encontro foi direcionado a profissionais do Viva Rio que atuam na Saúde e na Assistência Social do município do Rio de Janeiro.
Mais de 150 pessoas participaram do evento, que aconteceu no Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Nos últimos 30 anos, foram resgatadas cerca de 65,6 mil pessoas em condições de trabalho análogas à escravidão no Brasil, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho. A capacitação teve como objetivo preparar os profissionais para identificar esses casos e encaminhá-los para os canais de denúncia e órgãos competentes.
“O objetivo é que sejam capazes de identificar características do trabalho escravo e tráfico de pessoas nos atendimentos que realizam no dia a dia. Tivemos mais de 240 pessoas inscritas para o evento, o que demonstra o desejo das pessoas em se capacitar nesse tema. Fico emocionada em ver tantos interessados, que agora serão novos agentes atuantes no fortalecimento das redes de proteção e combate dessas práticas desumanas”, comenta Isabel Santos, coordenadora do Haiti Aqui.
O treinamento abordou as características do trabalho escravo — que incluem jornada exaustiva, abuso de vulnerabilidade, condição degradante, engano, violência física, sexual e psicológica, por exemplo —; os aspectos do tráfico de pessoas; o conceito de escravização contemporânea; os indicadores e pontos de atenção e os fluxos de denúncias, resgate e pós-resgate.
Para Pedro Strozenberg, diretor executivo do Viva Rio, só é possível essas práticas através de parcerias entre diversos setores da sociedade e de políticas públicas efetivas. “Nos últimos dias temos vivido desafios em relação a temas como trabalho escravo, migração e população LGBT+, que estão sob uma grande ameaça global. Então fico feliz de ver tantas pessoas envolvidas em combater retrocessos. O trabalho escravo é uma forma de exploração que tem um lado invisível, que está nos centros urbanos, próximo do nosso cotidiano e nem sempre percebida por nós. O desafio é que esse tema tenha relevância e concretude nas nossas instituições e políticas públicas. Desejo que consigamos reforçar a garantia de direitos humanos e de uma vida com tranquilidade e mais oportunidades para todos”, relata.
Eliane Almeida, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, exalta a iniciativa. “Esse treinamento que o Viva Rio promoveu para seus colaboradores é muito importante, fará com que eles trabalhem da melhor maneira possível para acolher e garantir que não haja uma revitimização dos indivíduos que sofreram com trabalho escravo e tráfico de pessoas. Participar da capacitação foi mais do que um aperfeiçoamento pessoal, foi um ato de resistência. Mostramos que estamos dispostos a lutar pelos direitos humanos de migrantes, mulheres, população negra e outras minorias”, finaliza.
Também realizaram a capacitação Gislaine Kepe, da Defensoria Pública, Raisa Machado e Julia Kronemberger, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Marcela Soares, docente em Serviço Social na Universidade Federal Fluminense, Débora Alves, do projeto Ação Integrada, e Ludmila Paiva, da ONG Verité.
Confira abaixo mais fotos da capacitação.
Texto: Raquel de Paula
Fotos: Lucas Faro