Edição deste ano reúne mais de 520 usuários de unidades adulto e infantojuvenis em três dias de torneios
CAPSi Visconde de Sabugosa, unidade sob gestão do Viva Rio, conquistou o terceiro lugar
Para promover inclusão, reinserção social, momentos de lazer e integração, a Rede de Atenção Psicossocial do Rio de Janeiro realiza mais uma edição do Campeonato de Futebol da RAPS, na Vila Olímpica do Encantado. Iniciada em 12 de maio, a edição deste ano reúne mais de 520 pessoas de 26 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo seis deles infantojuvenis (CAPSi), além de usuários de outros serviços, profissionais e parentes dos participantes.
Em 2025, há um diferencial: um dia de torneio exclusivo dos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis (CAPSi), que aconteceu na última segunda-feira (26), com fase de rodadas, semifinais e finais. Participaram seis unidades, três delas sob cogestão do Viva Rio. O CAPSi Maninho, em São João de Meriti, foi o vencedor, o segundo lugar ficou com a unidade Pequeno Hans, em Jardim Sulacap, e a terceira colocada foi a unidade Visconde de Sabugosa, em Ramos, administrada pelo Viva Rio.
“Achei o torneio incrível, espetacular! É a minha primeira vez participando, meu time chegou à final, o CAPSi Pequeno Hans. Fiz um gol e pude ajudar o time. Seria bom ter mais vezes ao longo do ano, para motivar a galera e fazer todo mundo querer jogar”, comentou Caíque, de 17 anos, atendido na Casa Viva Bangu, instituição de acolhimento para adolescentes.
Para Silair Rosa Júnior, fonoaudiólogo no CAPSi Visconde de Sabugosa, o campeonato se relaciona muito com o trabalho realizado nas unidades. “É um espaço onde conseguimos ter as crianças em um momento de descontração, mas também de interação social e aprendizado. Promovemos a coletividade e o trabalho individual, observando o contexto social, um olhar integral da vida do sujeito. A participação das famílias também é muito importante, eles se sentem felizes de ver seus pais torcendo”, comentou.
“Achei o torneio maravilhoso, porque eles se desenvolvem com o esporte e a cultura. Estou encantado. Meu filho é acompanhado no CAPSi há mais de quatro anos e isso faz a diferença no dia a dia dele, nos ajuda em sua educação”, relatou Flávio Marcelo Avelino, pai de Jonas Garcia Avelino, de 16 anos.
150 crianças e adolescentes participaram da competição
O trabalho realizado pelos CAPSi
No município do Rio existem 11 Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis que atendem crianças e adolescentes com sofrimento psíquico grave, transtornos do desenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), psicoses infantis, depressão, ansiedade severa e que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas.
O Viva Rio realiza a cogestão de seis CAPSi na cidade, dois deles na modalidade III, que oferecem atendimento 24 horas. Essas unidades recebem mensalmente cerca de 420 crianças e adolescentes de até 17 anos, sendo 62,2% negros (somando pretos e pardos) e aproximadamente 50% autistas.
Os CAPSi oferecem atendimentos individuais e em grupo, oficinas terapêuticas, atendimento familiar, visitas domiciliares e ações de matriciamento com escolas e unidades básicas de saúde, além de suporte em situações de crise. Contam com uma equipe multidisciplinar que trabalha de forma integrada, com foco na reabilitação psicossocial, contribuindo para o fortalecimento dos vínculos familiares e sociais e promoção da autonomia.
“Desde que meu filho começou a frequentar o CAPSi, há dois anos, ele tem tido melhorias. As atividades realizadas lá são maravilhosas, a criança se envolve em tudo. A oficina de futebol dá a ele uma tranquilidade que eu não via há muito tempo. A unidade é boa não só para as crianças, mas também para as mães. A gente chega lá derrotada, cheia de problemas e somos acolhidas pelos profissionais. Somos atendidas pelas psicólogas, com quem podemos conversar. As mães também precisam ser tratadas”, enfatizou Luciana, mãe do Emerson Júnior, de 15 anos.
O Campeonato de Futebol da RAPS
Esta é a sexta edição do Campeonato de Futebol da Rede de Atenção Psicossocial, iniciado em 2017 a partir da oficina de futebol da RAPS, realizada há mais de 10 anos. Tanto a oficina quanto a competição são iniciativas do Centro de Convivência e Cultura Trilhos do Engenho, do Instituto Nise da Silveira.
A competição continua no dia 9 de junho, com jogos entre os CAPS. Serão realizadas as últimas rodadas, quartas de final, semifinais e finais.
“A cada ano o campeonato tem feito mais sucesso. Fico muito feliz que todo mundo goste. É cansativo, dá muito trabalho, mas é muito satisfatório. Ele contribui muito para a desconstrução do estigma da loucura, que na relação com o território ainda é muito intenso”, comentou Roberta Oliveira, coordenadora do Trilhos do Engenho.
Confira mais fotos do campeonato.
Texto: Raquel de Paula
Fotos: Pâmela Perez/IMAS Nise da Silveira