“Só foi possível a criação da Associação Rio Contra o Crime, em 1995, porque um ano antes o Rubem (César Fernandes) tinha criado o Viva Rio”. O reconhecimento foi do coordenador do Disque-Denúncia no Rio de Janeiro, Zeca Borges, nesta quinta-feira (22), após o Encontro de Centrais do Disque Denúncia – DD 20 anos, na Barra da Tijuca, que homenageou as duas décadas de atividades do órgão. Esta associação foi a origem do Disque-Denúncia.
Representantes de cinco centrais do Disque-Denúncia assinaram uma carta de compromisso em apoio à proposta encaminhada ao Congresso Nacional pelo secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, cujo objetivo é aprimorar a política de controle de armas de fogo e munições que fazem parte do Estatuto do Desarmamento e lançar uma campanha nacional em defesa da causa.
A proposta é endurecer as punições para os casos de flagrantes de porte de armas de grosso calibre, que são de uso restrito das Forças Armadas. O documento compromete-se ainda a ajudar os órgãos oficiais de segurança pública de seus estados (SP, ES, MG e PE) a elaborarem estratégias para desarticular quadrilhas especializadas na comercialização de armas.
Beltrame elogiou a parceria da polícia com o Disque-Denúncia que, segundo ele, sobrevive há 20 anos atravessando momentos difíceis. “Hoje a polícia recorre ao Disque-Denúncia para executar algumas de suas ações”, revelou.
A parceria é confirmada pelos números. “De janeiro a setembro deste ano, a polícia apreendeu mais de 10 mil armas e cerca de 60 mil munições. Chegamos a este número graças a denúncias anônimas, que representam mais de 80% das apreensões em todo o estado. Se falarmos apenas de fuzis e armas de grosso calibre, o aumento em relação ao ano passado é de 51%”, contabilizou Zeca Borges.
Glorimar de Souza, gerente do Núcleo de Violência Doméstica, é um dos braços do Núcleo de Direitos Humanos do Disque-Denúncia. Há 20 anos, a ex-engenheira civil iniciava sua carreira profissional no recém-criado órgão como atendente. “Recebemos denúncias que abrangem desde questões simples, como ruídos, até tráfico de pessoas e violência contra mulheres, crianças e pessoas com deficiência”, diz ela.
Foram 20 anos de resistência, “às vezes de incompreensão”, nas palavras de Borges, mas com resultados expressivos. Recebemos dois milhões de denúncias e apreendemos cinco mil armas. “A pergunta que fazemos é como serão os próximos 20 anos”.
(Texto: Sol Mendonça|Fotos: Vitor Madeira)