“Doutor do povo e símbolo de força, perseverança e luta”. Estes foram alguns dos epítetos utilizados para apresentar o ambientalista e articulador do Viva Rio, Jocelino Porto, durante a solenidade de entrega do Título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro, na Assembléia Legislativa, nesta quinta-feira. O ativista ambiental já doou mais de 20 mil mudas de ervas medicinais nas favelas da cidade.
A homenagem foi proposta pela deputada Aspásia Camargo (PV-RJ). Moradores de Acari, Rocinha, Guadalupe, Fazenda Botafogo, Batã, Campinho, Cascadura, Pavuna, Rocha Miranda e Honório Gurgel estiveram presentes. Eles expuseram cartazes com palavras de agradecimento ao homem que dedicou os últimos 20 anos de sua vida ao ativismo ambiental e a luta para melhorar as condições ambientais das favelas.
Ao final da cerimônia, Jocelino Porto afirmou que o prêmio foi uma conquista de todos que compartilharam seu sonho de levar mais qualidade de vida para as comunidades. “Eu jamais conseguiria fazer nada disso sozinho”, disse.
Articulador comunitário do Viva Rio há quatro anos, Jocelino Porto nasceu em Campina Grande, interior da Paraíba, e veio ainda pequeno para o Rio de Janeiro. Assim como os demais nordestinos que migram para a cidade grande, o plano era conseguir melhores condições de vida.
A causa ambiental foi abraçada em 1992, ano em que o Rio de Janeiro se tornou centro das atenções ao sediar a Eco 92. Após a conferência, Jocelino foi às ruas para a criação de 18 Comitês Comunitários da Agenda 21 em Favelas. Na ocasião, levantou as principais demandas dos moradores sobre o desenvolvimento social e sustentável. “As comunidades precisavam discutir essas questões e se incluir naquele universo”, afirmou.
Jocelino costumava, durante as andanças de bicicleta, jogar sementes enroladas em jornais no quintal dos vizinhos. Para o ambientalista, essa era uma das formas que povoar a região com o verde e levar mais alegria para os moradores que sempre sofreram com o descaso do poder publico. “Eu sempre quis um ambiente mais vivo”, disse.
Em parceria com Aspásia, Jocelino foi o responsável pela criação de uma comissão permanente na Alerj para discutir as questões ambientais. Esse comitê irá disponibilizar um relatório composto por fotos e depoimentos sobre saneamento e lixo nas favelas. Para a deputada, o trabalho do ambientalista representa o espírito de uma cidade onde a exclusão não combina com o meio ambiente. “Ninguém melhor que Jocelino para receber essa homenagem. Pessoa dedicada que assumiu o papel de liderança comunitária e que melhor representa o estado em uma agenda positiva sobre meio ambiente”.
Jocelino já recebeu outras homenagens na Alerj. Em 2012, ganhou menção honrosa pelo trabalho no Núcleo Ecológico Pedras Preciosas (NEPP), que nasceu há 17 anos no coração da favela de Acari. O centro desenvolve um trabalho educativo de preservação da natureza junto a crianças e adolescentes das favelas.