22/8/2017
Inspirados por uma aula sobre empatia e trabalho voluntário, alunos do nosso programa Jovem Aprendiz decidiram pôr em prática o que debatiam, se organizaram e saíram pelas ruas da Glória para distribuir mantimentos a moradores de rua. Em menos de 24 horas eles reuniram kits que incluíam água, frutas, biscoitos, itens de higiene e agasalhos. Tudo doado por eles próprios.
“Quanta gente passa por essas pessoas e nem dá um bom dia?”
– Maria Alice, jovem aprendiz.
É uma enorme satisfação para o Viva Rio ver o efeito dessa reflexão ultrapassar a sala de aula. O que dá sentido ao nosso trabalho é justamente tentar transmitir uma formação plena a esses jovens. Por isso vamos além de questões ligadas ao mercado de trabalho e tratamos também de temas como cidadania, ética, política e tecnologia.
A proposta da aula era que os jovens se dividissem em grupos e elaborassem projetos factíveis de trabalho voluntário. O objetivo era pensar junto sobre como ele faz diferença na vida de quem o pratica e de quem o recebe. Abrir a possibilidade de projetar-se no lugar do outro e sentir o que ele sentiria. Já durante a discussão ficou perceptível o desejo dos alunos de fazer algo com tudo o que estava sendo discutido.
Um dos grupos teve a ideia de distribuir alimentos para moradores de rua e esse plano logo evoluiu para ação quando a turma conversou e se deu conta de que bem perto da sede do Viva Rio, na Glória, há grande concentração de pessoas desabrigadas.
A proposta foi imediatamente abraçada por toda a turma, que em um dia conseguiu 10 litros de água, 30 pacotes de biscoitos, 50 frutas, absorventes, pastas de dente, cotonetes, papel higiênico, barbeadores e sabonetes, além de agasalhos. Mais do que as doações, os jovens fizeram questão de distribuir carinho e atenção. “A gente não quis levar só comida. Dentro dos kits colocamos bilhetes com mensagens motivadoras, como ‘Você é importante’, uma ideia que surgiu de outro grupo”, explica a estudante Ana Paula, uma das organizadoras da ação.
“Realizando a atividade a gente viu que essas pessoas precisavam de muito mais do que coisas materiais. Elas precisam de um olhar. Precisam se sentir gente. Foi muito transformador para todo mundo.”
– Ana Clara, jovem aprendiz.
Ana Paula conta ter se surpreendido com os diferentes perfis das pessoas com quem conversou. “Encontramos gente com as mais variadas histórias. Conhecemos um rapaz inteligentíssimo, o Thiago, que fala inglês e francês e disse uma coisa que nos marcou muito: ‘Eu sou ameaça. Eu não tenho nada e sou ameaça. Todo mundo tem medo de mim’. Quer dizer, são pessoas conscientes, que sentem e entendem as coisas, ao contrário do que muita gente pensa”.
Parabenizamos com alegria e orgulho cada um desses jovens aprendizes pela iniciativa, sensibilidade e maturidade para lidar com uma questão tão difícil. Uma postura que reflete a razão de ser do Viva Rio, que é trabalhar por uma sociedade mais justa e inclusiva, onde cada pessoa tenha voz, oportunidade e o direito de viver em paz.