Ele gostava das Ciências Humanas, mas terminou estudando Administração, após uma rápida passagem pelas Forças Armadas. A trajetória é confusa, quase paradoxal, porém deu a Alex Diogo Gomes a segurança e a disciplina necessárias para se tornar o primeiro Jovem Aprendiz recrutado pelo Viva Rio a ser efetivado na capital fluminense.
Nascido em Pernambuco, Alex não guarda o sotaque da terra de origem. Afinal, veio com dois anos para o Rio de Janeiro, acompanhado da mãe e do irmão mais velho. Cresceu entre a Rocinha, comunidade onde reside até hoje, e o Leblon, bairro no qual estão situados os dois colégios que o formaram: George Pfisterer e Andre Maurois.
Ainda no primeiro grau, desenvolveu um hábito que continua a fazer parte de seu cotidiano: a leitura. Suas disciplinas favoritas eram História, Geografia e Língua Portuguesa. Nas horas vagas, explorava os clássicos da Literatura Brasileira ou da Filosofia. Seria plausível supor, então, que ele prestaria vestibular para algum curso na área de Ciências Humanas. Mas não foi o que aconteceu. “Estudo sozinho. Pesquiso livros e leio. Nunca quis fazer faculdade sobre o assunto”, afirma.
Ao colocar as letras na prateleira de hobbies, Alex terminou o ensino médio sem saber que carreira seguir. Foi quando o Exército surgiu em sua vida. Durante um ano, serviu como soldado, alocado no Forte do Leme. Segundo ele, a experiência foi intensa, porém válida. “Não quis continuar nas Forças Armadas. Mas lá recebi lições de responsabilidade que não teria em outro lugar”, reconhece.
Recém-saído do quartel, Alex matriculou-se em um curso técnico de Administração no Santo Inácio, colégio tradicional de Botafogo. Lá ficou sabendo das inscrições para o processo seletivo do Jovem Aprendiz. Embora reticente em relação à faixa etária – tinha 21 anos, apenas três a menos do que a idade limite do programa – resolveu participar. “Me achei um pouco velho para ser aprendiz, mas a professora do curso incentivou e acabei me inscrevendo”, conta.
Alex foi admitido pelo Viva Cred, empresa que trabalha com a concessão de crédito a micro e pequenos empreendedores de comunidades cariocas. Em três meses, passou de aprendiz a efetivo, sendo hoje um dos responsáveis pela formalização e repasse de empréstimos aos clientes. O jovem relata que o contato com tantas histórias o fez repensar certas atitudes. “Não me aproximava de alguém se não enxergasse características em comum ou algo que me interessasse. Aqui conheci pessoas totalmente diferentes de mim e percebi que poderia aprender muito com elas”, explica.
Para Marco Antônio Barcellos, diretor do Viva Cred, casos como o de Alex Diogo são muito gratificantes e estimulam a contratação de mais aprendizes. “Dar a primeira chance para essa garotada e vê-los desenvolver não tem preço. Queremos, cada vez mais, estreitar a parceria com o Viva Rio e poder trazer mais jovens para nosso quadro de funcionários”, diz.
O Programa Jovem Aprendiz facilita a adequação de empresas de médio e grande porte às exigências da Lei 10.097, que determina a contratação de jovens entre 14 e 24 anos, numa proporção entre 5% a 15% do quadro de funcionários.