Acordo de cooperação técnica e científica entre a Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) e a Polícia Nacional do Haiti (PNH) foi assinado na sexta-feira, dia 24, no Palácio Guanabara, com o objetivo de levar a experiência de pacificação do Rio às áreas em conflito do país caribenho. O primeiro-ministro do Haiti, Laurent Lamothe, e comitiva participaram da cerimônia e em seguida visitaram a Unidade de Policia Pacificadora (UPP), a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e a Clinica da Familia Zilda Arns, no Complexo do Alemão . A delegação também se reuniu com dirigentes da escola de samba Unidos da Tijuca no sábado, dia 25, para conhecer a experiência empresarial de produção de grandes eventos carnavalescos.
O documento assinado prevê o intercâmbio técnico-científico nas áreas de intervenção, pacificação e ordenamentos de zonas violentas; planejamento tático e ações de operações especiais; polícia de proximidade; controle de multidões; e policiamento em grandes eventos culturais. O diretor-geral da PNH, Godson Aurélus, e o comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, firmaram o acordo. O primeiro-ministro Laurent Lamothe e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foram testemunhas. O Viva Rio foi responsável por promover a articulação entre os efetivos.
Do Palácio, a delegação seguiu para o Complexo do Alemão, onde conheceu o Centro de Referência da Juventude (CRJ) e a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Fazendinha. O comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), tenente-coronel Paulo Henrique, apresentou um panorama das intervenções realizadas nas comunidades do Rio, ressaltando que a estratégia desconstruiu a “lógica de guerra” antes instituída entre oficiais e população local. “A postura combativa está dando lugar à proximidade. As pessoas estão perdendo o medo da polícia”, completou.
O primeiro-ministro e sua comitiva também visitaram a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Itararé e a Clínica da Família Zilda Arns, administradas pelo Viva Rio em parceria com o governo do Estado e a prefeitura, respectivamente.
Lamothe mostrou-se empenhado em levar o know-how do Rio de Janeiro ao Haiti, afirmando que investir em segurança pública é o primeiro passo para a criação de uma sociedade mais justa. “Sem segurança, não há luta contra a pobreza ou reestruturação da educação. O Haiti vive miséria extrema, mas estamos lutando por um país melhor”.
A visita ao Complexo do Alemão foi o primeiro contato da comitiva com a abordagem territorial da UPP e com o trabalho realizado em conjunto com os demais serviços como o Sistema Único de Saúde. A partir desse reconhecimento, as ações conjuntas da PMERJ e PNH serão sistematizadas em um produto que mais se encaixe nas necessidades do país caribenho.
Em junho, o primeiro efetivo haitiano chegará à capital fluminense. O grupo passará por treinamentos e conhecerá as UPPs, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). “A ideia é que essa formação dure um mês e seja adaptada às necessidades do Haiti. Os policiais levarão consigo o que for mais útil para suas práticas”, explicou o coronel Robson Rodrigues, chefe do Estado-Maior Administrativo da PM.
Segundo o coronel, a proposta levada pela Policia Militar para os demais países é “reforçar o policiamento de proximidade”. No Rio, a ideia é “transformar a atual conjuntura da corporação, levando essa essência para a rua. “A máquina está em ritmo de guerra e todos os insumos que injetamos e produzimos estão voltados para isso, a nossa proposta é mudar essa forma para assim mudar tudo”, explicou.
Durante visita ao barracão da Unidos da Tijuca, na Cidade do Samba, as autoridades conheceram um pouco da história da escola e assistiram a uma apresentação da bateria, que veio acompanhada por passistas e pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira. Segundo o embaixador brasileiro no país caribenho, José Luiz Machado e Costa, a Unidos foi convidada a participar do Carnaval das Flores, tradicional festa haitiana, em julho.
Também fizeram parte da delegação a ministra do Turismo do Haiti, Stephanie Villedrouin; o diretor-executivo do Viva Rio, Rubem Cesar Fernandes; e o coordenador de Segurança Humana, Ubiratan Ângelo.
Clique aqui e veja o termo assinado entre a PNH e a PMERJ