Material divulgado pela Rádio ONU em Nova Iorque pelo jornalista Eleutério Guevane e apresentada por Edgard Júnior
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) aponta o Brasil como um dos países classificados como fonte e destino do tráfico de pessoas. Os dados, compilados em parceria com a Organização das Nações Unidas, analisaram as tendências de tráfico através de informações de mais de 150 pontos de operação da IOM em todo o mundo.
Também são apresentados como países fim do tráfico, Rússia, Haiti, Iêmen, Tailândia e Cazaquistão. O Brasil é tido como ponto de chegada de pessoas traficadas de países como a Bolívia e o Paraguai. O Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) registra que mais de 2,5 milhões de pessoas, sendo metade de crianças, são vítimas do problema.
Em junho, a agência deve publicar a segunda parte do estudo para o combate ao tráfico e assistência a migrantes vulneráveis, com dados de 2011. A OIM indica que mais de 3,014 mil vítimas de exploração do trabalho foram assistidas durante o período, o que representou 53% das solicitações das vítimas de tráfico humano. O estudo relata que 27%, um total de 1,540 mil assistidos, dos casos acompanhados são de exploração sexual, o que representa uma queda de 17% comparado ao numero registrado em 2008.
A agência indica que desde 2010, o tráfico de trabalhadores já tinha ultrapassado a exploração sexual como o principal tipo de tráfico atendido pela OIM. O tráfico de trabalho é uma “característica de setores econômicos, particularmente, os que exigem trabalho manual, como a agricultura, construção, trabalho doméstico, pesca e mineração”, aponta o relatório.
Na maioria dos casos, a exploração é disfarçada como trabalho legal e contratual e ocorre em condições degradantes ao contrário das promessas feitas aos trabalhadores. O relatório destaca o aumento de pedidos de assistência de homens vítimas de tráfico de 1,65 mil casos em 2008 para pouco mais de 2 mil em 2011.
As vítimas de tráfico do sexo feminino estiveram no mesmo nível dos homens, apesar delas representarem a maioria a receber assistência. As mulheres representam 62% dos casos atendidos pela OIM, incluindo casos de exploração sexual, exploração do trabalho e a combinação das duas formas.
Apesar de ser um tema antigo, a discussão é relativamente nova e está sendo levantada na novela “Salve Jorge”, de autoria de Glória Perez. Em conjunto com a trama, a Rede Globo lançou em parceria com o Viva Rio uma central para receber informações sobre casos de pessoas traficadas.
O “Disque Salve” oferece informações e orientações sobre encaminhamentos de denúncia ou suspeita de exploração sexual, trabalho escravo e tráfico de crianças. Pelo telefone (21) 2555-3777, de segunda a sábado, das 17h às 23h, pode-se esclarecer dúvidas sobre como proceder diante de um caso de tráfico, além de obter orientações sobre onde buscar ajuda no Brasil e no exterior.
Clique e veja o relatório na íntegra