O Núcleo de Desenvolvimento Social do Viva Rio e o VR Eficiente, em parceria com o Projeto Acolher, realizam todos os meses um encontro para famílias atípicas (pais, responsáveis e parentes de crianças com deficiência), especialmente moradoras das comunidades do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho. A quarta edição aconteceu na última terça-feira (1), no Teatro Amaro Domingues, na sede da instituição, em Ipanema. O projeto funciona como uma rede de apoio entre essas famílias, com espaço para trocas de experiências e dicas.
Para enriquecer ainda mais a conversa, nessa edição esteve presente Felipe Nilo, professor de artes marciais para pessoas com deficiência e fundador de uma clínica esportiva que leva seu nome, dedicada ao atendimento de PcD, com foco no autismo. O espaço do ex-atleta oferece judô, jiu-jitsu, boxe, psicomotricidade, treinamento funcional e iniciação ao futebol. Ele também realiza treinamentos para professores e já formou mais de 3 mil pessoas para dar aulas a crianças e jovens PcD.
Marina Quintino, do Núcleo de Desenvolvimento Social do Viva Rio, fala sobre a iniciativa de criação do projeto. “O café das famílias atípicas busca potencializar e ampliar as vozes das mães da comunidade. Os encontros são desabafos, descarregos, ajuda mútua e muita troca. Como mãe atípica eu entendo a necessidade da criação de redes assistenciais paralelas para suprir um buraco no que tange às informações sobre os direitos, rotina e melhor cuidado das crianças não neurotípicas. Começamos a trazer convidados para fortalecer as trocas e aumentar ainda mais o alcance do grupo”, relata.
Andreia Oliveira, mãe do Pedro Eduardo, autista, de 11 anos, é uma das participantes do grupo. Ela reforça a importância dessas conversas com outras mães que vivem desafios semelhantes na criação de seus filhos. “É um espaço onde trocamos experiências e cada um vai compartilhando suas dificuldades do dia a dia, seja na escola, em atividades esportivas, interação social com outras crianças, etc. Muitas vezes a gente acha que o nosso fardo é maior e mais pesado, mas a gente acaba vendo que outras mães passam por problemas e questões também muito difíceis. Os encontros têm sido bem produtivos”, comenta.
O esporte é uma ferramenta muito recomendada para o tratamento de crianças autistas. O professor Felipe Nilo fala sobre como os fundamentos das artes marciais podem ajudar. “Os golpes são apenas uma parte das artes marciais, existem muitas outras filosofias e tradições presentes nesses esportes que podem ser boas para crianças autistas. Podem auxiliar na fala, na coordenação motora, na interação social e muitas outras coisas”, conta.
Isabel Rodrigues, mãe do Alejandro, atesta os benefícios da prática esportiva na vida de seu filho. “Desde que foi diagnosticado como autista, aos dois anos de idade, meu filho faz natação no Projeto Acolher. Hoje, com 10 anos, iniciou no futebol. No início, ele era muito resistente, não queria entrar na aula, mas valeu a pena insistir, pois a prática de esportes melhorou muito a coordenação motora do meu filho e seu comportamento”, finaliza.
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Texto: Raquel de Paula
Fotos: Lucas Faro