A ação foi realizada em parceria com o Comitê Estadual Intersetorial de Políticas de Atenção a Refugiados e Migrantes (CEIPARM)
Isabel Santos, coordenadora do Haiti Aqui
O Haiti Aqui, projeto do Viva Rio, promoveu uma capacitação para profissionais da prefeitura do município de Armação dos Búzios. A ação foi realizada juntamente com outras organizações e membros do governo do estado que integram o Comitê Estadual Intersetorial de Políticas de Atenção a Refugiados e Migrantes (CEIPARM). O objetivo foi preparar os profissionais para o atendimento à população imigrante e refugiada. A formação aconteceu na última sexta-feira (2), na Escola Municipal Darcy Ribeiro, no centro da cidade.
Cerca de 100 pessoas participaram da capacitação, principalmente das secretarias da Mulher, de Educação, Saúde, Assistência Social e Ordem Pública. A atividade foi uma iniciativa da prefeitura de Búzios, através da Secretaria da Mulher, em parceria com o CEIPAMR, a Secretaria de Estado de Saúde, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério da Saúde.
Maria Fernanda Lafont, coordenadora de políticas de migração e refúgio na Secretaria do Estado e Desenvolvimento Social de Direitos Humanos, comenta como surgiu a proposta da ação. “Em junho fizemos uma roda de conversa com mulheres migrantes, a partir disso vimos que haviam diversas demandas dessas mulheres. Então alinhamos com a Secretaria da Mulher para realizarmos uma ação maior, de capacitação. Foi incrível, todos conseguiram entender e vão colocar em prática no dia a dia”, conta.
Em Búzios, há uma população de cerca de 40 mil habitantes, sendo pelo menos 5 mil imigrantes, maioria argentinos. Maria Elena Olivares, chilena, moradora de Búzios há 40 anos, fundadora do Fórum Permanente de Cultura da região, esteve presente e falou da importância da atividade. “É necessário que existam esses conhecimentos, que postos de saúde, escolas e todos os serviços públicos estejam preparados para receber a população imigrante. Achei a iniciativa muito boa, espero que tenham outras”, relata.
Profissionais da Secretaria da Mulher, saúde, assistência social, educação e ordem pública foram maioria
Maria Celeste, assistente social em um dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) da cidade, foi uma das pessoas capacitadas. “É muito importante que os imigrantes sejam acolhidos, é fundamental que haja empenho e paciência no primeiro contato. Precisamos saber como e para onde encaminhar as demandas que chegam até nós da assistência. Às vezes até os técnicos ficam perdidos, sem saber o que fazer. Tem gente que nunca ouviu falar de coisas que foram faladas aqui”, relata.
Isabel Santos, coordenadora do Haiti Aqui, fala sobre alguns dos temas abordados na capacitação, como regularização migratória. “Falamos muito do acordo Mercosul, já que a maior parte dos imigrantes da cidade é argentina, chilena, uruguaia ou colombiana. O acordo facilita que pessoas dos países ligados a ele tenham autorização de residência aqui no Brasil. Quando falamos de documentação, estamos falando de garantia de direitos e cidadania dessa população. Essas pessoas sentem muito medo, por muitas vezes estarem em uma situação migratória irregular, e o que a gente incentiva é que os profissionais nunca fechem as portas para essa população”, enfatiza.
Sirlei de Souza, gerente de igualdade racial da Secretaria da Mulher, comenta os benefícios da capacitação para o município e os planos da prefeitura para a população imigrante. “É com muita honra que nós recebemos essa política pública, que era uma necessidade para o município. Eu fui migrante em uma outra cidade, em Buenos Aires, e trabalho com essa comunidade há 30 anos. No futuro, vamos inaugurar também o Núcleo de Atenção à Mulher negra e Migrantes, começamos pela política da mulher. Essa capacitação específica para as equipes técnicas foi só o começo das nossas ações”, finaliza.
Texto: Raquel de Paula