Pedir aos governos que diminuam em 10% os gastos militares e redirecionem esses recursos para ações do combate à fome e à extrema pobreza, de preservação do meio ambiente e para oferta de melhores condições sociais para as populações mais pobres do mundo. Este foi o apelo lançado pelo World Future Council, Viva Rio e Prefeitos pela Paz (Mayors for Peace) nessa terça-feria às Nações Unidas durante a Cúpula dos Povos. Um tanque de guerra coberto de pães foi levado para comunidade do Santa Marta, em Botafogo, Zonal Sul do Rio, como símbolo da campanha internacional “Apelo para a Rio+20: desarmamento para o desenvolvimento sustentável”.
Um levantamento do Banco Mundial informa que menos de 5% dos investimentos militares globais, que somam cerca de US$ 1,7 trilhão por ano, já seriam suficientes para cumprir os Objetivos do Milênio definidos há 20 anos pela ONU durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio 92, e que incluem por um fim à miséria e à fome e oferecer educação básica de qualidade para todos.
Junto com o tanque de pães, foi colocado à disposição da população um abaixo-assinado propondo a redução em 10% dos gastos militares e o redirecionamento desses recursos para iniciativas em favor do desenvolvimento sustentável. O documento já foi assinado por personalidades de todo o mundo, incluindo os Nobel da Paz Desmond Tutu, da África do Sul; Shirin Ebadi, do Irã; Walter Kohn, dos Estados Unidos; Oscar Arias, da Costa Rica; José Ramos Horta, do Timor Leste; e Mairead Corrigan Maguire, da Irlanda do Norte; além além do diretor-executivo do Viva Rio, Rubem César Fernandes, do embaixador brasileiro Sérgio Duarte; e do filósofo norte-americano Noam Chomsky.
Segundo Holger Güssefeld, presidente do World Future Council, o tanque vai percorrer o mundo para convencer os governantes a diminuir os gastos com armamento. “Porque não desarmar? Porque não criar um mundo melhor? O Brasil é apenas o começo”, afirmou.
Após a cerimônia de lançamento do abaixo-assinado, foi realizada a distribuição dos pães para a população e adestruição simbólica de armas de fogo entregues na Campanha Nacional de Desarmamento Voluntário lançada em maio de 2011. O Brasil tem 16 milhões de armas em circulação, sendo metade ilegais e 90% nas mãos de civis. Após a campanha de desarmamento de 2004 e 2005, que recolheu quase 500 mil armas, o número de mortos por armas de fogo caiu 17%.
“As armas de fogo matam nossos jovens, principalmente os negros e pobres que vivem nas comunidades. Precisamos dizer para as autoridades que os recursos gastos em aramas podem ser usados para construir a paz. Não existe sustentabilidade sem paz”, afirmou Tião Santos, coordenador da área de Meio Ambiente do Viva Rio.
José Mário Hilário, presidente da Associação de Moradores do Santa Marta, disse que as comunidades de baixa renda têm “fome de justiça social”. “Precisamos parar de desperdiçar dinheiro com armamentos e colocá-lo onde ele pode fazer diferença na vida das pessoas.”
A Rede Internacional de Engenheiros e Cientistas pela Responsabilidade Global (INES, do inglês International Network of Engeneers and Scientists for Global Responsibility), o Birô Internacional da Paz (IPB, do inglês International Peace Bureau), o Foreign Policy in Focus (FPIF), e a Associação de Moradores do Santa Marta também são parceiros na ação.
Fotos: Fernando Mascote
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